A aldeia de São Pedro Velho, em Mirandela, conhecida pelo morango, teme pela colheita deste ano com toneladas do fruto que podem ficar por apanhar por falta de trabalhadores e de procura devido à pandemia de covid-19.
“Os morangos não param de crescer e amadurecer” e avizinham-se “tempos difíceis para os produtores” como escreveu hoje, nas redes sociais, o presidente da junta de freguesia, Carlos Pires, que deu conta à Lusa da “apreensão” em relação à apanha e ao escoamento do fruto.
Devido às medidas de contenção da pandemia, não haverá nesta aldeia do distrito de Bragança a feira anual de maio, onde os produtores vendiam “oito a dez toneladas” e os armazenistas ainda não fecharam encomendas devido à redução do consumo, como indicou.
Provavelmente na Páscoa já haverá morangos para vender e a junta de freguesia vai apoiar os produtores criando pontos de venda a anunciar dentro de dias, mas teme que as consequências desta colheita sejam “drásticas” para a aldeia e que a produção possa mesmo desaparecer.
Numa época normal, os cinco produtores da aldeia têm, em média cada um, “sete a oito trabalhadores diários na apanha, segundo o autarca, e colhem entre “500 a mil quilos todos os dias”, que não podem guardar.
Um dos armazenistas de Bragança que costuma receber a produção encerrou portas e os restantes preveem uma redução no consumo, que irá refletir-se no escoamento.
Carlos Pires diz que os produtores anteveem que as cerca de “40/50 pessoas” que costumam contratar para a campanha possam vir a recusar a apanha pelo receio de contágio.
“Se correr mal este ano, não sei se os produtores terão forças para voltar à produção”, teme o autarca.
Acresce ainda outro senão, segundo Carlos Pires, e que se prende com o facto de parte da qualidade do morango de São Pedro velho se dever à planta, que é italiana, e que devido ás restrições atuais pode não ser possível replantar.
“No pior dos cenários, a produção de morango pode acabar”, apontou.
A aldeia de São Pedro Velho produz anualmente uma média de “70 a 80 mil quilos de morango”, de acordo com as contas do autarca.