Os espargos selvagens abundam na zona do fértil Vale da Vilariça, em Trás-os-Montes, e há uma aldeia apostada em chamar a atenção para o valor desta planta que a natureza oferece gratuitamente e torná-la atração gastronómica.
A localidade de Santa Comba da Vilariça, em Vila Flor, convida no domingo a degustar diferente iguarias no Festival de Espargos Selvagens depois de vários habitantes da aldeia terem calcorreado os campos a apanhar o ingrediente principal.
O final do inverno, início da primavera é a época dos espargos e, embora este ano mais seco não tenha sido bom para germinarem com fartura, no domingo haverá suficientes na Vilariça, como garantiu à Lusa Isabel Fontes, da organização da iniciativa.
A ideia do festival começou a ganhar forma em anos anteriores e “nasceu de uma brincadeira” entre os elementos da Comissão de Festas de Santa Comba da Vilariça, a promotora do evento.
“A nossa aldeia é grande, mas tem pouca gente e, como cada vez somos menos, inicialmente começámos por fazer almoços para angariar dinheiro para a festa”, recordou Isabel.
No ano passado, lembraram-se dos espargos porque “existem muitos” nesta zona do Nordeste Transmontano e avançaram com a experiência de um primeiro festival, acreditando que “é uma forma de promover este e outros produtos locais, a própria aldeia e de juntar as pessoas”.
Para domingo, está marcada a segunda edição do festival e há vários dias que os elementos da comissão de festas e outras pessoas da aldeia com mais apetência para a apanha têm andado aos espargos.
Isabel Lopes assegurou que estão já recolhidos “18 a 20 quilos” que, depois de apanhados, escolhidos, lavados e escaldados, foram congelados para serem confecionados no domingo.
Na ementa do festival constam omeletes de espargos, pataniscas de bacalhau com espargos, arroz de feijão e espargos e ensopado ou migas de espargos.
Não faltam as carnes de adoba ou vinhos e alhos e sobremesas, entre estas a laranja à fidalgo, uma espécie de salada em que é regada com azeite e polvilhada com alho a laranja típica dos pomares da Vilariça.
A iniciativa do ano passado foi “mais um encontro das pessoas da aldeia que estavam fora”, como enfatizou Isabel Fontes que para este ano não prevê “uma enchente”, mas acredita que, além de novo reencontro dos da terra, haverá também curiosos de fora.
A organização tem já confirmada a presença de “um grupo de 30 pessoas” e disponibilizou nas redes sociais o cartaz do festival e contactos para reservas.
A cozinha ficará entregue aos elementos da comissão de festas e os “12 espargos” que quem quiser provar paga revertem para a festa principal da aldeia, a de São Bernardo, em agosto.
Isabel Fontes acredita que a iniciativa será também uma forma de chamar a atenção para o valor deste alimento natural “quase um superalimento, rico em vitaminas, antioxidantes, etc.”.
Nalgumas zonas da região, há pessoas que apanham e vendem, nomeadamente nas feiras, mas o espargo é sobretudo aproveitado para consumo próprio daqueles que trabalham ou andam pelos campos.