Uma empresária de Gostei (Bragança) pensou que o programa das «Aldeias de 4.ª Geração» era o empurrão que faltava para dar andamento à construção de uma queijaria tradicional. Helena Monteiro dispÎs-se a avançar com o projecto, mas esbarrou com a falta de financiamentos ao abrigo daquele programa. Acabou por avançar com a queijaria por iniciativa própria.
Esse foi um dos primeiros indicadores que levaram a presidente da Junta de Gostei, Carolina Fernandes, a interrogar-se sobre a viabilidade do referido programa, anunciado como a salvação para o marasmo de pelo menos seis aldeias dos distritos de Bragança e de Vila Real. Em Gostei, sonhou-se com a realização do emparcelamento agrícola e com a melhoria da barragem da Castanheira. Dois anos depois da apresentação do programa, os autarcas sentem-se defraudados as promessas não avançaram e tudo não passou de mais um levantamento de potencialidades.
Em Gostei, Lagoa, Cabeça Boa (Bragança) e Campeã, Vilarelho da Raia e Santa Cruz (Vila Real) continua tudo na mesma, à espera de melhores dias. \"Foram-nos criadas ilusões, mas nada foi feito\", afirmou Carolina Fernandes.
O programa foi propagandeado como uma hipótese única para as aldeias. Estas foram criteriosamente seleccionadas, com base no potencial agrícola e na existência de investimento do Estado já realizado na área agrícola, designadamente em regadio e emparcelamento. As ideias jorraram, mas confrontaram-se com obstáculos intransponíveis. \"O investimento tinha de ser feito pelas freguesias\", frisou Carolina Fernandes. Ora, o maior dos problemas das autarquias é precisamente a falta de verbas. A autarca diz que nem para a realização dos projectos \"não havia verbas\" e \"as deslocações dos técnicos às localidades tinham de ser pagas em parte pelas juntas\".
O programa foi posto no terreno pela Federação de Agricultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (FATA), em colaboração com a Associação de Municípios de Trás-os-Montes e a Direcção Regional de Agricultura. O responsável pela FATA, admite que o programa parou por falta de investimento por parte das entidades envolvidas. No entanto, Abreu Lima, diz que o importante é que \"há uma base de desenvolvimento das aldeias\" e que está convencido que as ajudas financeiras virão após 2007 com o novo Plano de Desenvolvimento Rural.