Algumas aldeias do Parque Natural de Montesinho (PNM) ainda não têm saneamento básico. Os rios ficam poluídos e o cheiro torna-se \"nauseabundo\", principalmente no Verão. O presidente da Junta de Freguesia de Aveleda, Isidro Rodrigues, afirma que a situação está a tornar-se cada vez mais \"insuportável\" e que a sua resolução é \"urgente\". Mas diz também que o problema só não foi resolvido até agora por \"discriminação\" dos sucessivos executivos camarários.

Aveleda e Varge são consideradas duas aldeias emblemáticas do Nordeste Transmontano que estão situadas no \"coração\" do Parque Natural de Montesinho (PNM). No entanto, são também duas localidades que continuam \"completamente isoladas\" em termos de infra-estruturas de saneamento básico.

Nestas duas aldeias é \"flagrante\" a situação dos esgotos a céu aberto. Os canos das casas estão directamente ligados para os rios e, portanto, os esgotos domésticos são depositados directamente nas águas. Uma situação que durante o Inverno não é muito notória, devido às cheias, mas que no Verão, com o pouco caudal dos rios, se torna \"insuportável\". Nesta época do ano, o cheiro da ribeira de Aveleda e do rio Igrejas, em Varge, é \"nauseabundo\". Mas, para além desta situação se tornar um verdadeiro \"incómodo\" para os habitantes destas localidades e de, consequentemente, afastar os turistas das aldeias, acaba também por ser prejudicial a toda a fauna e flora que aparece nos rios, principalmente devido à descarga de detergentes e outros líquidos vindos das habitações.

As aldeias de Baçal e Sacoias, a aproximadamente quatro quilómetros de Aveleda, já têm essas infra-estruturas há cerca de 10 anos. Na opinião do presidente da Junta de Freguesia de Aveleda, Isidro Rodrigues, esta situação é representativa da \"discriminação\" dos sucessivos executivos camarários de Bragança, que \"deixaram de lado duas aldeias com linhas de água importantes\". \"Temos sido defraudados pelos vários executivos camarários. Todos os anos aparece um projecto no plano executivo da Câmara para resolver a situação e nunca é executado. Andamos de plano em plano e de projecto em projecto, só que a nós não nos interessam os projectos mas sim a sua execução\", justificou o autarca.

Segundo Isidro Rodrigues, a Junta de Freguesia de Aveleda não tem meios económicos suficientes para poder solucionar o problema. E o PNM, além de não ter capacidade financeira para rea-lizar a obra, \"está esvaziado de qualquer poder\". Quanto aos apoios da Câmara Municipal de Bragança, o autarca afirmou que recebeu a mesma justificação, ou seja, \"incapacidade financeira para resolver o problema\". No entanto, o presidente da Câmara, Jorge Nunes, deixou a garantia de que em 2004 será realizado o saneamento.

\"A nível básico falta praticamente tudo. Queremos oferecer à população qualidade de vida, que passa pela construção dessas infra-estruturas básicas, por isso é urgente resolver esta situação\", afirmou Isidro Rodrigues.

Em declarações ao Semanário TRANSMONTANO, o mesmo responsável adiantou ainda que, para além da inexistência de uma rede de esgotos e saneamento, falta também em Aveleda uma boa distribuição da rede de água, visto que a actual tem mais de 30 anos e está \"envelhecida\", \"a apodrecer\" e com \"rupturas constantes\". A falta de vias de comunicação que liguem esta povoação a outras localidades é mais um problema apontado pelo presidente da Junta de Aveleda, que acusa: \"A aldeia está isolada e foi mais uma vez descriminada\".



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