Alijó vai ser "o primeiro concelho português" a criar um plano municipal de ordenamento florestal, uma iniciativa que conta com a colaboração da Quercus e da Associação Nacional dos Engenheiro e Técnicos do Setor Florestal.
Trata-se de uma parceria que, segundo anunciaram hoje as três entidades num comunicado conjunto, tem como objetivo "quebrar definitivamente o ciclo de incêndios que se instalou no território português".
"Com este novo instrumento de planeamento será possível recentrar os espaços florestais na atividade das explorações agrícolas, reconstruir um território mais equilibrado e resiliente, reduzir os riscos a que se encontra sujeito, ser mais produtivo e com maior qualidade ambiental", afirmaram.
O protocolo entre o município do distrito de Vila Real, a Quercus e a Associação Nacional dos Engenheiro e Técnicos do Setor Florestal (ANESF) é formalizado durante a tarde, na Câmara de Alijó.
O plano, segundo explicaram os parceiros, tem como objetivo garantir a segurança de pessoas e bens através do ordenamento florestal e territorial, prevenindo a ocorrência de incêndios e, no caso de estes ocorrerem, garantir que não se transformam em incêndios de grandes dimensões e causem um mínimo de prejuízos.
Visa ainda dinamizar a economia local, promovendo a exploração dos diversos recursos naturais, produtos e serviços do ecossistema, assim como das espécies florestais melhor adaptadas aos locais.
Para isso, explicaram, pretende-se recorrer às "técnicas silvícolas mais adequadas, de modo a garantir a exigência de serviço do ecossistema, matérias-primas e produtos de origem florestal capazes de potenciar o rendimento das populações locais e em simultâneo a criação de postos de trabalho".
Com este plano de ordenamento florestal, pretende-se também promover "a qualidade ambiental e biodiversidade, apostando em floresta autóctone e na promoção e valorização do serviço do ecossistema, enriquecendo a paisagem e favorecendo a proteção dos solos e da água".
E, por fim, pretende-se ainda integrar as diversas ferramentas de ordenamento do território, agindo de modo a ser possível implementar no terreno ações concretas que reflitam as políticas municipais de desenvolvimento e que consigam integrar de forma concreta e eficaz os diversos instrumentos já existentes como, por exemplo, o Plano Diretor Municipal (PDM).
Desta forma, segundo os parceiros, "será possível fazer a necessária compartimentação e proteção das áreas florestais e apoiar os cidadãos na escolha das espécies e técnicas mais adequadas a cada local específico".
Alijó tem território classificado como Património da Humanidade e tem feito uma forte aposta na atividade turística, pelo que aqui a paisagem assume "um papel fundamental nos eixos do desenvolvimento".
Neste território também se pretende potenciar e transformar em fontes de rendimento atividades ligadas à floresta como a produção de madeira de várias espécies florestais, a produção de cortiça e resina, bem como a produção de mel, a recolha de cogumelos silvestres ou a caça.
Este concelho foi também muito afetado pelos incêndios no verão de 2017 que, para além de uma vasta área florestal, também destruíram produções agrícolas.