O aeródromo de Alijó vai ser reativado e transformado num ‘cluster’ aeronáutico verde, um projeto com um investimento inicial superior a sete milhões de euros que incluiu a reativação da pista, produção de aeronaves, testagem e investigação.

“O objetivo é a dinamização do nosso aeródromo que está abandonado há décadas, muitos executivos tentaram reabilitá-lo e colocá-lo ao serviço da economia, não foi possível, mas finalmente abriu-se uma oportunidade”, afirmou hoje o presidente da Câmara de Alijó, José Rodrigues Paredes.

O primeiro passo para a concretização do projeto vai ser dado esta tarde, com a assinatura de um protocolo que junta o município, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a empresa Flying Equipment Skyline, e onde marcará presença o secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes.

O autarca disse à agência lusa que o projeto é “absolutamente essencial” para Alijó, mas também para toda a região de Trás-os-Montes e Alto Douro.

“O equipamento está a dois passos do Douro Património Mundial da Humanidade, está muito bem situado e tem excelentes condições para o desenvolvimento da aeronáutica”, salientou.

José Rodrigues Paredes acrescentou que o projeto vai ser concretizado de forma faseada, prevendo-se um prazo de dois anos para a primeira fase, e que o investimento inicial previsto “é superior a sete milhões de euros”.

Vão ser submetidas candidaturas a fundos europeus no âmbito da transição energética, cuja aprovação acelerará a sua concretização.

Vai ser recuperada a pista ali existente de cerca de 1.600 metros, mas que está abandonada, e construídos uma nova pista, hangares e infraestruturas para investigação, nomeadamente na área dos combustíveis verdes, como, por exemplo, o hidrogénio, mas também na agricultura de precisão.

Para além da transformação do aeródromo numa “ferramenta de trabalho”, o objetivo, segundo o responsável técnico da Skyline, Gerson Fernandes, é também atrair empresas estrangeiras para ali testarem aeronaves tripuladas e não tripuladas.

Isto porque, explicou, no Centro da Europa o espaço aéreo “está congestionado” e, no Norte da Europa, há o problema do clima e de poucas horas para trabalhar.

No concelho do distrito de Vila Real serão também produzidas aeronaves, como a já desenvolvida pela Skyline, que está em processo de certificação.

A empresa, segundo Gerson Fernandes, desenvolveu um paramotor (parapente motorizado), com “capacidade máxima de 750 quilos à descolagem”, para utilização civil, militar, na área da proteção civil ou investigação.

Sem adiantar mais pormenores, o responsável referiu que estão em curso negociações com “dois países africanos e um sul-americano” para a venda destes aparelhos.

A Skyline, criada há oito anos, tem capacidade instalada para produzir até 100 aparelhos por ano e vai mudar-se de Oliveira de Frades para Alijó.

Depois da requalificação do aeródromo, da instalação da produção e investigação, no futuro pretende-se abrir a infraestrutura à utilização comercial privada, nomeadamente na vertente turística. Terá outras valências como a formação e apoio à Proteção Civil.

O autarca José Rodrigues Paredes apontou que “há também a oportunidade de, através do projeto, Alijó ter “ensino superior” e, para além da UTAD, outras instituições de ensino superior podem vir a associar-se.

“Vamos ter ensino superior, vai gerar emprego, vai movimentar a economia e vai desenvolver toda a região”, concluiu.

Já o reitor da UTAD, Emídio Gomes, referiu que a assinatura deste protocolo se justifica pelo compromisso assumido “para com o crescimento económico e a coesão territorial e o quanto isso será benéfico para a qualidade de vida das populações”.

O responsável apontou a “oferta educativa na área das engenharias, a investigação produzida pela academia e a criação de novas soluções tecnológicas, o que torna a UTAD num “parceiro incondicional”.

 



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