A percussão do Chapa-Choly, do Senegal, e a dança associada à música do Umaya, do Médio Oriente, são duas das principais apostas da 9.ª edição do Festival Internacional de Música Tradicional, a ter lugar hoje e amanhã, em Macedo de Cavaleiros.

A autarquia, entidade responsável pela organização do evento, quer imprimir mais energia e ritmo à iniciativa, que já entrou na agenda cultural da região. Este ano, redobrou-se o empenho para conseguir a deslocação de grupos que extrapolem a música, aliando vários discursos artísticos, em que a dança está fortemente ligada à música, não descurando outros aspectos que dão cor e vivacidade ao espectáculo, como as acrobacias circenses e o manuseamento do fogo.

Os senegaleses Chapa-Choly, um grupo constituído por vários músicos, bailarinos e acrobatas, foram beber a sua influência ao folclore africano, nomeadamente ao dum-dum, tama, djambé e a kora.

Do outro lado do Mundo, em termos geográficos e culturais, vêm os Umaya, que do Oriente e de África trazem uma vasta equipa constituída por músicos e bailarinos de vários países como a Síria, Marrocos, Sudão, Egipto e Espanha, uma autêntica Babel que muito tem contribuído para a divulgação da música árabe junto do público espanhol. O grupo foi fundado por Salah Sabbagd, um percussionista sírio de créditos firmados.

A música de inspiração celta está representada pelos espanhóis Bardos Y Druidas. Ao palco, sobem também os Galandum Galundaina, o grupo de música tradicional mais conhecido do distrito de Bragança, que usa réplicas de instrumentos antigos, como a gaita mirandesa, a flauta pastoril, sanfona, conchas de Santiago, entre outros.

Durante os dois dias do evento, é habitual criar-se uma relação estreita entre os vários músicos, que tem sido destacada como muito positiva pelos participantes.

Apesar de o festival contar com \"um orçamento modesto\", António Pinto, da autarquia, diz que têm conseguido trazer novas sonoridades, que marcam a diferença no panorama festivaleiro da região.

Muitas vezes, a organização arrisca nas escolhas que faz, porque alguns grupos não dispõem sequer de gravações do seu trabalho, pelo que se limitam à busca de informação. \"O facto é que têm sucedido surpresas pela positiva em cada ano, tentamos avançar com um risco comedido\", admitiu.

São muitos os que já desejam actuar em Macedo de Cavaleiros, o que torna cada vez mais difícil a selecção final, de modo a ir de encontro aos gostos dos que vão assistir, uma vez que o exotismo de algumas abordagens de outras latitudes pode não ser consensual aos gostos dos portugueses e, principalmente, dos transmontanos.

O público que procura o festival ainda é essencialmente da região, mas existe já uma franja \"interessante\" de especialistas que buscam novas sonoridades, que tem aumentado em cada ano. Por estes dias, não há alojamento disponível em Macedo de Cavaleiros.



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