Dois bombeiros da corporação de Vila Pouca de Aguiar estão a ser acusados de favorecer uma agência funerária sedeada naquele concelho, prestando-lhe informação privilegiada sobre situações de morte ou sugerindo o nome da mesma aos familiares das vítimas.
A denúncia anónima, feita ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), já está a ser investigada pela corporação. \"Queremos levar o caso até às últimas consequências\", disse, ao JN, o presidente dos Bombeiros de Vila Pouca, José Quinteiro, no sentido de ser apurado se há \"matéria de facto\" ou se tudo não passa de um \"boato\".
Ao que o JN conseguiu apurar, em causa está um motorista e um maqueiro das ambulâncias da corporação. E a denúncia terá chegado recentemente ao INEM, que, como confirmou ao JN o assessor de imprensa deste organismo, Pedro Coelho dos Santos, foi remetida por ofício à Direcção dos bombeiros. \"Embora as cartas anónimas tenham o valor que têm, uma vez que estava em causa o bom nome da corporação entendemos por bem abrir um inquérito\", explicou José Quinteiro, revelando que foi nomeado um advogado para conduzir a investigação.
O responsável garante que a situação era \"desconhecida\" quer no seio da corporação, quer no seio da Direcção. \"Apanhou toda a gente de surpresa!\", frisou.
Menos surpresa em relação à denúncia demonstraram fontes ligadas às duas únicas agências funerárias sedeadas na sede do concelho. Uma delas confirmou mesmo que já \"por duas ou três vezes\" a agência a quem os bombeiros alegadamente prestariam informação privilegiada se terá antecipado e ido buscar o corpo à morgue, apesar de outra agência estar contratada. Com a pressa, num das situações, terão mesmo levantado o corpo sem o vestir.
Também é voz corrente que os referidos bombeiros, além de alegadamente sugerirem os serviços da dita agência, poderão ter oferecido dinheiro a quem lhes arranjou clientes.
No concelho de Vila Pouca de Aguiar existem apenas três agências funerárias, duas na sede e outra em Pedras Salgadas.
