O IC5 (145 km) e IC26 (30 km), que ligarão Murça a Miranda do Douro e Amarante à Régua, respectivamente, não estão incluídos na lista de obras que o Governo pretende candidatar a fundos do próximo QREN (Quadro de Referência Estratégica Nacional).

Uma \"ausência\" que já foi questionada pelos deputados do PSD, eleitos por Vila Real e Porto, nomeadamente Ricardo Martins e Jorge Costa, que \"estranham a não inclusão na lista, depois das garantias de construção aquando da apresentação do plano de acessibilidades para Trás-os-Montes e Alto Douro, em 2006\", disse, ao JN, Ricardo Martins. Os parlamentares apresentaram um requerimento na Assembleia da República, mas a resposta do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações \"não foi conclusiva\".

Ricardo Martins duvida que \"as obras possam ser suportadas pelo Orçamento de Estado e, se não vão ser candidatadas a fundos do QREN, ou o Governo não tem intenção de as construir, ou prepara-se para introduzir portagens e esqueceu-se de avisar as pessoas da região\", afirma.

O custo estimado do IC5 ascende a 300 milhões em três troços, enquanto o IC26 até à Régua rondará os 80 milhões. Mas para a região apenas consta a ligação pela A4, na lista designada por IP4, entre Vila Real e Quintanilha (Bragança), por 400 milhões.

Ao contrário de outros itinerários complementares, alguns com investimentos inferiores, os dois prometidos para a região não estão, sequer, na primeira listagem de Janeiro.

Programas regionais

O Ministério refere que \"alguns dos projectos do quadro da primeira versão (o que não acontecia com o IC5 e o IC 26) figuravam apenas a título indicativo, tendo o Governo optado na versão final por indicar somente os projectos com investimento pré-determinado\" (embora o IC5 e o IC26 também o tenham).

A resposta do chefe de gabinete, Guilherme Dray, acrescenta, ainda, que \"nenhum empreendimento está excluído à partida, sendo que decorrem contactos ao nível dos programas operacionais regionais para auscultar a sensibilidade ao acolhimento das distintas tipologias de projecto\".

Ricardo Martins questiona \"As estradas foram prometidas, anunciadas, calendarizadas, foram abertos concursos para o projecto, e só agora é que se vai estudar qual a forma de pagamento do investimento?\"

Ameaça de corte na A 24

\"Caso não venham dar uma satisfação antes da inauguração, estamos dispostos a atravessar na estrada as máquinas agrícolas, viaturas e animais\", ameaça Agostinho Monteiro, pastor de Parada de Aguiar, que deu a cara por cerca de 30 agricultores de Vila Pouca de Aguiar, que reclamam o pagamento dos terrenos ocupados pelo último troço da A24 agora concluído.

\"Desde Março de 2005, que ainda não vi qualquer cêntimo da venda do terreno. Em causa estão cerca de 30 mil euros ainda por receber\" disse. Ao que apurámos, tem havido movimentações nas aldeias para \"encontrar a melhor forma de fazer ver ao Governo, o descontentamento\".

O presidente da Câmara, Domingos Dias, está preocupado com a situação. Já manifestou o seu desalento junto das Estradas de Portugal, por não terem sido pagos os terrenos entre entre Fortunho e Vila Pouca de Aguiar, do troço a inaugurar neste fim-de-semana pelo primeiro-ministro.

Entulho das obras do IP4

O Conselho Directivo dos Baldios de Ansiães, em Amarante, queixou-se ao Ministério das Obras Públicas do depósito de \"enormes quantidades de entulho nas linhas de água\" da freguesia, aquando da construção do IP4 (Vila Real-Amarante) e que estarão a \"assorear e destruir a maior parte dos açudes, que ainda não foram reparados\".

Além disso, diz, a construção da A24, ali perto, \"vai acabar de vez com o vale do rio Marão\". Queixa-se, ainda, da falta de acessos às nova infra-estruturas, prejudicando \"a qualidade de vida dos habitantes, podendo elevar o risco de desertificação das aldeias\".



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