Depois de Ferro Rodrigues, Edite Estrela e outros grandes nomes do Partido Socialista marcarem presença no distrito de Bragança, ontem foi a vez do atual Primeiro-Ministro concluir o périplo socialista na capital nordestina.

 

Centradas no "Portugal de Sucesso", terminaram ontem à tarde em Bragança as Jornadas Parlamentares (JP) do Partido Socialista (PS) por terras nordestinas.

As conclusões dos trabalhos tiveram lugar pelas 15 horas com a intervenção da deputada eleita por Bragança na Assembleia da República, Júlia Rodrigues. Enquanto o encerramento das Jornadas Parlamentares, ficou a cargo do Secretário-Geral do PS, dando-se, assim, por terminado este périplo socialista pelos vários concelhos do distrito brigantino. 

Nas suas declarações, em grande parte orientadas para o nordeste transmontano, António Costa alegou que “se há algo que é fundamental é não perder o contato com o (interior do) país”. António Costa defendeu no seu discurso que Bragança é mais central que a capital, pois está mais próxima de um mercado ibérico e europeu, enquanto Lisboa é periférica, em comparação com Bragança. “Nós estamos a 500 quilómetros de Lisboa e em Lisboa cidade vivem menos de 600 mil pessoas e na área metropolitana vivem menos de dois milhões. Mas estamos a 30 quilómetros da fronteira e aqui ao lado, em Castilha e Leon, vivem dois milhões e meio de pessoas”, comentou o atual Primeiro-Ministro. “Isto significa”, continuou, “que Bragança só é interior para quem está em Lisboa a olhar para o mar e lá atrás está Bragança. Mas quem está a olhar para o mapa da península ibérica, o que é que está mais próximo do centro do mercado ibérico? É Lisboa que está lá na ponta, que é periférica, ou é Bragança que é central? É Bragança que é central!”, justificou o Secretário-Geral do PS num discurso deveras aplaudido por militantes, simpatizantes e convidados socialistas, reiterando que “temos de mudar a geografia que temos na nossa cabeça para podermos olhar para o país com outra visão”.   

Ao final da manhã, o Diário de Trás-os-Montes falou, em exclusivo, com a candidata à Câmara Municipal de Mirandela e uma das anfitriãs, por ser transmontana, deste evento promovido no distrito de Bragança. Júlia Rodrigues explicou que a escolha do interior norte do país para a realização das Jornadas Parlamentares revela uma “atenção especial” do seu partido, de forma a dar “visibilidade aos nossos setores estratégicos de desenvolvimento”. “Atendendo às condições específicas de desenvolvimento, ao Plano de Coesão Territorial que existe apoiado pelo nosso Governo, acabámos por achar interessante estar aqui e dar a conhecer a nossa realidade aos deputados”, asseverou a deputada, “até porque”, acrescentou, “esta aproximação no contato com empresas e instituições dão um olhar e conhecimentos diferentes da realidade local quando na Assembleia da República estivermos a tratar de assuntos relevantes para o próprio distrito e, também, de todo o interior do país”.

Numa manhã vocacionada para o debate e depois da sessão de abertura presidida pelo líder parlamentar do PS, Carlos César, cinco brigantinos tiveram a oportunidade de apresentarem os seus “exemplos de sucesso e de empreendedorismo local”. Um dos cinco casos apresentados foi o do fotógrafo e empresário, Pedro Rego. “É sempre gratificante saber que o teu trabalho é reconhecido. Mas eu acredito que não é bem a palavra sucesso que se possa empregar aqui, até porque eu acho que, hoje em dia, e, especialmente, no interior, o sucesso dos empresários que criam o seu próprio posto de trabalho é manterem-se ativos, manterem o posto de trabalho e a empresa a funcionar”, revelou o jovem transmontano, natural de Bragança. Para o vencedor de quatro prémios de fotografia, especializado na vida selvagem, “as coisas têm corrido bem e a empresa Go Wild tem passado de uma fase de implementação para uma fase de estabilização e consolidação”, afirmou o empresário, cujas fotografias já foram reconhecidas pela National Geographic.

A manhã terminou com um segundo painel, onde se debateram as perspetivas da juventude em Portugal, nomeadamente, de jovens estrangeiros que fizeram da capital nordestina um novo lar.  

 

“A direita tem imensa graça. Quando temos bons resultados, anda a dizer que o crescimento da economia este ano é por causa do governo anterior. Mas já vai prevenindo que é só um semestre e que se noutro assim não acontecer, já é culpa do governo atual”, excerto do discurso do líder parlamentar do PS, Carlos César, na sessão de abertura do segundo dia das JP.

 

Ontem, o primeiro dia das Jornadas destinou-se a “aprofundar o conhecimento da realidade de diferentes municípios do distrito”. Para além de Bragança, os deputados, divididos em seis grupos, tiveram a oportunidade de visitar Mirandela, Vinhais, Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Moncorvo, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro e Vimioso. Ao jantar, as hostes discursivas começaram pelo candidato do PS à Câmara Municipal de Bragança, depois subiu ao palco Carlos César que, por sua vez, deu lugar ao presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, que voltou as suas atenções para a União Europeia, defendendo que está na altura de “cumprir” as suas obrigações em relação a Portugal.

“Já saímos do procedimento por défice excessivo, um verdadeiro objetivo nacional. É bom que, apesar das divergências salutares, o país político se una em torno de grandes objetivos estratégicos. Portugal está a cumprir com a União Europeia. É tempo da União Europeia cumprir com Portugal”, defendeu o presidente da Assembleia da República, numa intervenção focada mais para a Europa, em que fez questão de frisar a relevância de “manter no topo da agenda europeia as políticas de coesão e desenvolvimento e a questão da reforma da arquitetura da zona euro”.

 


Galeria de Fotos


PARTILHAR:

Vila Real e Bragança irão fazer rastreio nacional de voz

Rede Ibérica de Investigação de Montanha criada em Bragança