António Morais é pela quarta vez candidato da CDU à Câmara Municipal de Bragança e há três décadas que dá a cara para reforçar o peso eleitoral da coligação num concelho tradicionalmente de direita.
Aos 72 anos, o sociólogo, já aposentado da carreira de assessor no Parque Natural de Montesinho, tem como desafio para as autárquicas de 26 de setembro “o reforço substancial” da votação de 1,08% alcançada, há quatro anos, pela Coligação Democrática Unitária (CDU), composta pelo PCP e pelo PEV, tem por lema "Futuro de confiança para Bragança"
A meta de eleger, pela primeira vez, um vereador no executivo municipal “seria excelente” para o candidato, que reconhece que a força partidária tem “a noção do panorama do ponto de vista até ideológico que está presente” no concelho e no distrito de Bragança.
Daí que o objetivo traçado seja “o reforço substancial do posicionamento da CDU e sobretudo o reforço da presença da CDU na Assembleia Municipal” do concelho, que tem 35.722 eleitores.
“Persistência” é a palavra de ordem de António Morais, que se tornou militante do PCP após o 25 de Abril de 1974, depois de regressar de França, onde foi “refugiado político”.
Foi funcionário do partido em Bragança em 1975 e 1976, e rumou a Lisboa por motivos profissionais, de onde regressou nos anos de 1990 ao concelho de Bragança, à terra natal, na aldeia de Parada.
No partido tem assumido “várias responsabilidades nos órgãos dirigentes” regionais, foi candidato à Câmara de Bragança pela CDU em 1993, 1997 e 2017, e já foi várias vezes candidato à Assembleia Municipal, onde a força política já teve dois eleitos e tem atualmente um.
António Morais diz que “Bragança não é muito diferente do restante interior”.
“É evidente que a modernidade está a atravessar a realidade da nossa região, há mais mobilidade, embora o substrato esteja muito sujeito a esta realidade de alguma sujeição ao poder central”, referiu, em declarações à Lusa.
Do ponto de vista económico, aplaude a instalação de empresas de maior dimensão no concelho, mas lamenta que venham “atrás da precariedade, dos salários baixos, de uma contratação que é inaceitável”.
A CDU nunca teve eleitos no executivo municipal liderado há quase 24 anos pelo PSD, mas o candidato defende que “tem marcado de forma substantiva todo o acompanhar dos trabalhos”, nomeadamente na Assembleia Municipal.
A atuação, como realçou, é de “crítica ao que está mal e de propostas para a população do concelho”, e o objetivo é “dar continuidade a este trabalho de presença, de persistência, de proposta”.
Há quatro anos, o PSD conseguiu 57% dos votos e a eleição do presidente e quatro vereadores, e o PS ficou com os outros dois vereadores e 27% da votação.
Texto: Helena Fidalgo/Lusa, Fotografia: António Pereira