A Peripécia Teatro, sediada em Vila Real, celebra 20 anos com a apresentação da nova versão do seu espetáculo de estreia, “Ibéria”, e de um livro de banda desenhada, prevendo estrear uma peça sobre o lobo-ibérico em 2025.
“Era para nós importante celebrar os 20 anos, são muitos anos de criação artística e esta revisitação acaba por ser uma forma de olharmos em perspetiva aquilo que fizemos e também, com esta experiência adquirida, apresentar uma nova visão daquilo que foi feito e apontar caminhos novos para o futuro”, afirmou Sérgio Agostinho, codiretor artístico e membro fundador da companhia teatro.
A Peripécia abriu hoje as portas do Centro Cultural e Recreativo de Benagouro, aldeia próxima da cidade de Vila Real, para um ensaio para a imprensa da nova versão de “Ibéria – A louca história de uma Península”, que tem estreia marcada para 31 de maio, no Teatro Municipal.
“É a estreia de uma nova versão do nosso espetáculo de apresentação há 20 anos. É introduzido um novo aspeto visual e um elemento importante que é a sonoplastia e música ao vivo”, explicou Sérgio Agostinho.
Com criação e interpretação de Noelia Domínguez, Sérgio Agostinho e Ángel Fragua, e direção de José Carlos Garcia, a comédia “Ibéria” retrata os episódios que ligam Portugal e Espanha ao longo de mais de mil anos de história, promovendo uma reflexão humorística e crítica da história e do imaginário coletivo dos povos peninsulares.
A peça estreou-se em 2004, esteve 13 anos em cena e passou por Portugal, Espanha e Brasil.
Já na sexta-feira, durante a iniciativa “Lua cheia – arte na aldeia”, vai ser apresentado o livro de banda desenhada “Peripécia Teatro 20 anos sobre as tábuas e com elas às costas”.
A publicação, assinada por assinada por Zé Tavares (Zetavares) e Sara Figueiredo Costa, revela momentos, episódios e peripécias destas duas décadas de atividade.
Há uma década que a Peripécia promove ainda o ciclo de artes que apresenta espetáculos em todas as noites de lua cheia.
Numa altura em que celebra o passado, a Peripécia projeta também o futuro e, segundo Sérgio Agostinho, está já a preparar a estreia, durante o primeiro semestre de 2025, de uma criação original em que vai abordar a temática do lobo-ibérico.
“Estamos numa terra de lobos. […] Sempre nos pareceu importante esta temática porque o lobo está muito associado ao próprio homem, pelo lado bom, pelo lado mau, há muitos mitos, muitas histórias de lobos, o lobo e o homem têm uma relação muito próxima”, salientou.
Sérgio Agostinho apontou ainda para a discussão sobre a redução do estatuto de proteção do lobo na União Europeia (UE). “Então ainda mais vontade nos dá de abordar a questão”, concluiu.
Sérgio Agostinho, Noelia Domínguez e Ángel Fragua conheceram-se em Madrid (Espanha) e, depois de criarem a companhia, instalaram-se em Macedo de Cavaleiros. Em 2017, ocuparam a antiga escola primária de Coêdo, em Vila Real, e agora, desenvolvem a sua atividade numa outra aldeia próxima, em Benagouro.
A ligação à comunidade foi, segundo Sérgio Agostinho, surgindo com o tempo.
No ano passado, a companhia criou um coro comunitário.
“É um ambiente familiar, divertido, é bom. Gosto. Felizmente este coro é aqui, venho a pé de casa”, salientou Bela Costa, que destacou o convívio numa aldeia onde não há muito para fazer.
Maria José Nascimento é de Coêdo e desde o início que acompanha a atividade da Peripécia e de outras companhias convidadas.
“Eles quiserem aproximar os habitantes rurais da arte e do teatro e tenho acompanhado todas as apresentações que eles fazem. […] Há um clima de amizade porque já são muitos anos de convivência”, salientou.
No seu portefólio, a Peripécia possui peças como "Vincent, Van e Gogh", "1325", "Novecentos - o pianista do oceano", "A cores", "Sou do tamanho do que vejo" ou "13", que aborda a temática de Fátima, ou "La tortilla de mi madre" que retrata a solidão dos idosos e a companhia dos livros.