A Associação de Apoio à Vítima (APAV) de Vila Real acompanhou 350 novos processos em 2017, verificando-se casos “cada vez mais complexos” e, na sua maioria, relacionados com violência doméstica em que as vítimas são mulheres.
A violência doméstica vai estar em destaque durante a Semana de promoção de Igualdade de Género que se realiza entre os dias 20 e 25, em Vila Real, e que visa sensibilizar da comunidade contra a violência e pela igualdade de direitos.
“O que noto não é um aumento no número, mas na gravidade dos casos. São casos muito complexos, com muitas situações envolvidas e de resolução difícil e com situações de violência muito grave”, afirmou Maria José Coutinho, assessora do gabinete da APAV, em Vila Real, que falava na conferência de imprensa de apresentação da Semana da Igualdade.
Na sua opinião, “os casos complexificaram-se mais do que aumentaram” e obrigam a “uma maior exigência dos serviços, quer na tomada de posição, quer na resposta”.
Em 2017, a instituição que ajuda vítimas dos distritos de Vila Real, Bragança e Viseu (concelhos do norte), recebeu 350 novos processos, sendo que a “grande maioria”, entre 80 a 90%, são situações de violência doméstica.
As vítimas são, na maioria das situações, mulheres de todas as faixas etárias.
“Temos situações desde violência no namoro até à terceira idade. E temos, cada vez mais, mulheres com mais de 65 anos a pedirem ajuda, a recorrerem aos nossos serviços e, inclusive, a colocarem um termo nas relações abusivas e a começarem uma vida nova depois dos 65 anos”, salientou Maria José Coutinho.
A Semana de Promoção de Igualdade de Género é organizada pela Câmara de Vila Real, com a parceria do projeto “+ Social”, a APAV, o projeto CLDS_3G coordenado pela Cáritas de Vila Real e as associações Catarse e Identidades.
A vereadora Eugénia Almeida salientou que os objetivos da iniciativa são “consciencializar a população para igualdade de género, para os direitos humanos e para a erradicação da violência”.
A semana arranca com uma marcha silenciosa pelas vítimas de violência doméstica, para a qual se apela à participação da população local e para que os aderentes vistam de negro e levem uma vela.
Depois, vão realizar-se ações de sensibilização dirigidas aos alunos, às famílias e à comunidade em geral, com algumas das ações a decorrerem nos cinco bairros sociais onde o projeto “+ Social” está a intervir.
Haverá ainda colagem de cartazes que revelam dados estatísticos sobre as questões da violência e as vítimas, decorrendo também um ciclo de cinema alusivo ao tema e o grupo Peripécia Teatro sobre ao palco com a peça “1325”.
No último dia, realiza-se o II Seminário da Igualdade de Género, durante o qual se debaterão temas relacionados com o emprego, precariedade, empreendedorismo, a violência contra homens e ainda contra pessoas LBGBT - lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros.
A iniciativa termina com o lançamento do vídeo “Vozes da Igualdade”, que contou com a participação de estudantes Erasmus da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) provenientes de países como África do Sul, Turquia, França e Roménia.