A Confraria do Azeite vai testar no Algarve, no Verão, o efeito da introdução nos restaurantes de uma carta destinada a ensinar o cliente a distinguir as características do produto. Essa carta será apresentada na 1.ª Feira Nacional do Azeite, a realizar da próxima quinta-feira até domingo, no Fundão.
Da carta vão constar uma listagem de produtores, bem como informação suplementar sobre o ciclo produtivo, da árvore até à mesa. A iniciativa, da Confraria, insere-se no projecto \"Exportar cá dentro\", com o objectivo de defender a produção nacional.
Nesse sentido, a feira será igualmente ponto de arranque de uma nova instituição - a Federação Portuguesa dos Agrupamentos de Produtores Gestores de Denominações de Origens Protegidas de Azeites -, vocacionada para defender os azeites DOP, os únicos que garantem ao consumidor a compra de um produto nacional genuíno.
A motivação para a sua defesa reside no facto de, nos anos mais recentes, os azeites com nomes protegidos terem vindo a \"perder expressão à escala nacional\" - como se lê num documento de diagnóstico do sector, elaborado pelo Gabinete de Planeamento do Ministério da Agricultura. Para Francisco Lino, chanceler da Confraria, essa evolução tem a ver com a \"ameaça das grandes superfícies, que privilegiam a quantidade em detrimento da qualidade\".
Os DOP apenas representam 3% da produção nacional de azeite virgem e têm a sua distribuição condicionada \"aos preços inferiores dos azeites correntes e a bloqueamentos nos circuitos de comercialização\", lê-se ainda no mesmo diagnóstico.
Receio do abandono
A feira, da iniciativa da Confraria e das associações Comercial e Industrial do Fundão e da dos Produtores de Azeite da Beira Interior, será pretexto para divulgar novas formas de negócio associadas ao sector, como cosmética, saúde e olivoterapia.
Os agentes da área também irão fazer um ponto de situação do sector, com destaque para o regime de pagamento único, através do qual se atribuem ajudas comunitárias aos produtores mesmo sem haver produção. Essa circunstância constitui motivo de preocupação, devido ao receio do abandono da actividade e da consequente redução da oferta nacional, quando Portugal é deficitário e tem de importar metade do azeite consumido.