Em Chaves, a eliminação progressiva das barreiras urbanísticas e arquitectónicas por forma a que as pessoas com mobilidade reduzida possam ter acesso a todos os serviços públicos e não só, defendida pelo Decreto-Lei nº123/97, não tem tido reflexo. Existe até um caso de clara regressão numa instituição pública. Trata-se da conservatória, que nas antigas instalações tinha rampas de acesso adaptadas e, agora, nas novas não tem. Mas o exemplo mais caricato nesta matéria é o próprio acesso à sede da Associação de Deficientes Flor do Tâmega (ADFT), na Raposeira, onde, diariamente, passam o dia 24 jovens, a maioria dos quais em cadeiras de rodas. Trata-se de uma rampa de madeira \"sem o mínimo de condições\". \" Só tenho medo que qualquer dia um jovem tenha ali um acidente\", diss, e ao Semanário TRANSMONTANO, o presidente da associação, Carlos Santos.

Para este responsável, em Chaves, o Hospital é a única instituição que tem vindo a fazer \"adaptações bastante boas\" para permitir o acesso a pessoas deficientes. \"Fora disso, ninguém tem respeitado a Lei\". A título de exemplo, Carlos Santos refere a Santa Casa da Misericórdia, a Igreja Matriz, a conservatória, ou os correios.

A última esperança do presidente da ADFT está agora depositada na criação do Gabinete da Saúde e Acessibilidades Urbanas, uma iniciativa apresentada pela Câmara Municipal de Chaves, no passado dia 4. Este gabinete, de natureza consultiva, conta com a participação de várias instituições e associações locais, e entre, outros objectivos, pretende desenvolver esforços \"especiais\" no que diz respeito aos que têm mobilidade reduzida.

Carlos Santos defende que, a curto prazo, uma das preocupações deste gabinete deverá ser o levantamento \"exaustivo\" de todos os edifícios que não têm acessos \"condignos\" para deficientes, no sentido de inverter essa situação.

Este responsável espera também que, a partir de agora, quer a Câmara, quer os construtores de edifícios públicos e privados, tenham em atenção os condicionalismos de algumas pessoas e começassem a cumprir a Lei.

Novas instalações

A Associação de Deficientes FlÎr do Tâmega há muito que reclama instalações \"dignas\". Por um lado, pretende dar resposta aos 74 jovens que se encontram em lista de espera para serem recebidos na associação, e, por outro, a ideia de Carlos Santos é que esses mesmos jovens, a maioria dos quais sem retaguarda familiar, possam também passar a noite nas instalações da própria associação.

Embora ainda não haja data prevista para a construção desse edifício, a Câmara já adquiriu o terreno onde irá ficar instalado, nas imediações da Freguesia de Valdanta.

Além desta pretensão, a AFT aspira também à sua transformação em Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), o que lhe permitiria aceder a uma série de apoios, entre os quais comunitários.

Mas Carlos Santos tem outra preocupação: a inserção dos jovens deficientes nas empresas. Dos 24 que actualmente estão na AFT, só quatro é que estão integrados no seio de algumas firmas. \"Os empresários dão sempre desculpas\", disse o presidente da Associação de Deficientes FlÎr do Tâmega, referindo-se a resistência que os responsáveis pelas empresas da região ainda oferecem no que diz respeito a pessoas com deficiência.



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