O tempo seco, apesar de frio, o combustível disponível nos solos e o uso do fogo para atividades humanas são algumas das explicações apontadas para os vários incêndios registados no distrito de Vila Real, segundo fontes da Proteção Civil.
Desde sexta-feira que se têm verificado algumas ocorrências de incêndios no distrito, apesar das baixas temperaturas que se fazem sentir. O helicóptero estacionado no centro de meios aéreos de Vila Real tem sido ativado diariamente para intervir no distrito transmontano e também nos distritos limítrofes.
O comandante distrital de operações de socorro, Álvaro Ribeiro, explicou que as temperaturas têm estado baixas, contudo "não tem havido precipitação e a humidade relativa chega a atingir os 40 ou 50%, o ar é muito seco, o que aliado ainda a alguns momentos em que há vento, facilita a progressão dos incêndios".
Um dos concelhos mais afetado tem sido Montalegre.
O vereador da Proteção Civil de Montalegre, David Teixeira, afirmou à agência Lusa que o concelho tem contabilizado "uma média diária de cinco incêndios".
Este está a ser um inverno seco, não há humidade e há muito mato, ou seja, matéria combustível disponível nos solos. A juntar a isto está, segundo o responsável, a atividade humana, como o uso do fogo para a renovação de pastagens, situações que às vezes se descontrolam e acabam por originar fogos.
O fogo é ainda usado para, por exemplo, a queima de sobrantes.
David Teixeira referiu que "o normal", há uns anos, "era estar a nevar no concelho nesta altura" e, por isso, frisou, que o que se passa é "fruto das alterações climáticas".
A primeira intervenção aos fogos está a ser feita pelas Equipas de Intervenção Permanente (EIP), existentes nas corporações de Montalegre e de Salto, no mesmo concelho, mas o vereador defende que são necessárias mais equipas.
"As EIP são, de facto, a solução de proximidade em territórios do interior, onde a população é envelhecida, porque estes fenómenos vão sendo cada vez maiores", salientou.
Esta tarde, um fogo que deflagrou numa zona de povoamento florestal na localidade de Nogueiró (Montalegre) mobilizou 26 operacionais, oito viaturas e dois aviões provenientes de Viseu.
O comandante dos bombeiros de Salto, Hernâni Carvalho, disse à Lusa que o fogo "começou com grande potencial", numa zona de pinhal com continuidade e que "causou grande preocupação".
"Felizmente a rápida mobilização e intervenção dos meios permitiu dominar a ocorrência", salientou.
Hernâni Carvalho explicou que "apesar do frio que se faz sentir, os combustíveis têm bastante disponibilidade para arder".
Quanto à origem deste fogo, ressalvou que esta será investigada pelas entidades competentes, no entanto, referiu que, na sua opinião, a única explicação é "haver mão humana por detrás".
"Nestas áreas mais rurais, nesta altura do ano, há de facto um registo grande de ocorrências. O trabalho nos incêndios vai muito além daquilo que é a época e verão e por isso é que tem se pensar no dispositivo em todos os meses do ano", salientou.
Pelas 19:00, segundo a página na internet da Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC), verificavam-se quatro incêndios no distrito de Vila Real, um em Covelo do Gerês e outro em Pereira, ambos no concelho de Montalegre.
O fogo em Nogueiró estava dado como dominado e um outro em Canedo, Ribeira de Pena, estava em conclusão.