A Região Demarcada do Douro espera este ano uma produção de vinho a rondar as 270 mil pipas, valores que se assemelham à colheita do ano passado (276 mil pipas).
Fernando Alves, responsável pela Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), disse hoje à Agência Lusa que a expectativa de produção para esta vindima é de cerca de 270 mil pipas, num intervalo de previsão entre as 250 e 300 mil pipas.
A produção real de vinho na vindima do ano passado foi de 276 mil pipas.
As previsões da ADVID são efectuadas com base no modelo pólen, recolhido em Maio nas três sub-regiões do Douro: Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior.
Esta acção é feita pela ADVID com o apoio do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e análise laboratorial e estatística da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
No entanto, segundo Fernando Alves, \"a evolução destes valores, vai depender da forma como se comportar o clima até a vindima\".
Isto porque, recordou, os dados são recolhidos numa fase ainda precoce do ciclo vegetativo, havendo, por isso, que ter em atenção que a produção real está dependente das condições climatéricas.
Apesar de o ano vitícola apresentar até à data uma precipitação acumulada, inferior à média, sobretudo devido a um Inverno com pouca chuva, as videiras apresentam de uma \"forma geral uma boa alimentação hídrica\".
O responsável salientou que esse facto é mais evidente no baixo e cima Corgo, devido às precipitações de Fevereiro, Março e a ocorrências verificadas com regularidade em Junho, Julho e Agosto, intervaladas com períodos de elevadas temperaturas.
A ADVID prevê que a produção poderá ser também de \"boa qualidade\", caso não se verifique precipitação significativa até à vindima.
A maior colheita de sempre na Região Demarcada do Douro registou-se em 1990 e foi de 335 mil pipas de vinho.
Fernando Alves referiu ainda que os estragos causados pela queda de granizo ocorrida em Junho \"poderá influenciar a expectativa de produção\", embora \"não seja esperada uma afectação significativa a nível regional, sendo esta mais sentida pontualmente pelos viticultores atingidos pela intempérie\".
A queda de granizo afectou vinhas nos concelhos de Alijó, Carrazeda de Ansiães, São João da Pesqueira, Sabrosa e Tabuaço.
\"Tendo como referência a área geográfica que foi atingida pela intempérie e a respectiva área vitícola, a perda de produção global daí originada poderá situar-se na ordem de 3 até 5 por cento da expectativa de produção\", salientou o responsável.
Referiu ainda que, do ponto de vista sanitário, as uvas não foram afectadas pelo míldio, tendo tido alguma pressão de oídio, quanto à traça.
No entanto, a Casa do Douro, entidade representativa dos viticultores durienses, já disse que os \"prejuízos foram avultados\" e que \"muitos agricultores ficaram com a \"produção praticamente destruída e com as suas vinhas de tal forma danificadas que a recuperação da sua capacidade produtiva vai demorar anos\".
O Conselho Interprofissional do IVDP fixou em 123.500 pipas a quantidade de vinho do Porto que este ano vai ser beneficiado (quantidade de mosto que cada viticultor pode destinar a vinho do Porto).
Este número representa um aumento de 3.500 pipas em relação à zltima colheita.
Em 2004, o benefício atribuído foi de 126 mil pipas, um acréscimo de 18.100 pipas relativamente a 2003, altura em que apenas foram beneficiadas 107.900 pipas de Vinho do Porto, o número mais baixo dos últimos dez anos.