Os apicultores do Douro Internacional e do Planalto Mirandês reclamam apoios diretos para fazer face às carências alimentares das abelhas, provocadas pela seca e alterações climáticas que se fazem sentir em todo o território do Nordeste Transmontano.
“O que pretendemos são apoios diretos para a aquisição de produtos alimentares para as abelhas, tendo em vista o aumento de produção do mel. Se as condições climatéricas continuarem como até aqui, a partir de setembro temos que começar a alimentar os apiários porque não há no campo alimentos necessário devido à seca para fazer face à procura ”, disse hoje à Lusa o técnico da Associação de Apicultores do Parque Natural do Douro Internacional (AAPNDI), Vítor Ferreira.
De acordo com o técnico, devido aos problemas causados pela pandemia de covid-19 e a inflação, os preços dos alimentos para as abelhas “dispararam significativamente”.
“Se antes pagávamos um euro por quilo de alimento para as abelhas, a mesma quantidade está agora nos 2,5 euros para aquisição de um produto que tem por base o açúcar e que teve uma subida de preço muito elevada”, explicou Vítor Ferreira.
Este tipo de alimento para as abelhas ajuda na manutenção das colónias e tem por objetivo manter os efetivos apícolas para chegarem à primavera.
“Esperamos que o ministério da Agricultura olhe para este setor apícola como olha para outras atividades agrícolas. Esperamos por uma resposta que nos ajude a resolver este problema da falta de alimento para as abelhas, senão temos de ir bater as outras portas como é o caso das câmaras municipais deste território”, acrescentou o técnico da AAPNDI.
De acordo com os responsáveis por esta organização, houve um período de 2014 a 2108 de vários incentivos por parte do Estado à produção apícola no país e muitos jovens aproveitaram esta situação.
Agora verifica-se um “abandono da atividade, devido ao elevado preço dos fatores de produção que estão aliados à inflação e às alterações climáticas”.
No que respeita à produção de mel, a AAPNDI aponta para quebras avultadas nos efetivos dos apicultores que se refletem na produção de mel.
“Verificámos que há muito pouco mel a título de exemplo, o de rosmaninho, que é proveniente deste território”, apontou Vítor Ferreira.
As quebras na produção de mel rondam os 50%, dado que a produção da última primavera foi muito baixa.
Em condições normais, os associados da AAPNDI produzem cerca de 60 toneladas de mel.
“Em 2022 a produção de mel foi residual, este ano devido às chuvas de maio, podemos atingir perto de 30 toneladas”, vincou o técnico apícola.
A AAPNDI agrega cerca de 300 associados repartidos pelos concelhos de Mogadouro, Miranda do Douro, Freixo de Espada à Cinta, Vimioso. Macedo de Cavaleiros e Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança e Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda.