Especialistas em apicultura afirmam que Portugal está a sofrer um fenómeno de fuga e morte das abelhas mas a autoridade sanitária animal diz que não há estudos que o comprovem e rejeita críticas dos apicultores.

De acordo com a engenheira agrónoma Andrea Chasqueira, especializada em apicultura, as abelhas em Portugal «estão a fugir das colmeias, sem regressar», sendo as causas da fuga e o destino das abelhas ainda desconhecidos.

Apesar de não existirem resultados científicos, Andrea Chasqueira considera que «o uso de herbicidas e pesticidas nos campos pode ser a principal causa para o desaparecimento das abelhas das suas colmeias.»

O presidente da Federação Nacional de Apicultores de Portugal (FNAP), Manuel Gonçalves, entende que «as abelhas morrem fora da colmeia, que fica despovoada», o que leva ao aparecimento de doenças nas colmeias, uma vez que a presença destes insectos, muito autónomos, impede o aparecimento de maleitas.

Manuel Gonçalves acusou a Direcção-Geral de Veterinária (DGV), a autoridade sanitária animal, de estar «pouco preocupada com os problemas dos apicultores portugueses» e disse que «nem 30 por cento dos produtores recebe a ajuda comunitária» de apoio à apicultura, pelo que «26 por cento das colónias não são abrangidas» por este fundo.

Em reacção a estas informações, fonte oficial da Direcção-Geral de Veterinária disse à Lusa que a diminuição do número de colmeias «tem sido sempre associada a causas naturais (incêndios, condições climatéricas adversas, falta de pólen, maneio deficiente) ou a causas sanitárias (doenças das abelhas)» e esclareceu que «as ajudas comunitárias no âmbito da apicultura são atribuídas através do Programa Apícola Nacional.»

A Direcção-Geral de Veterinária disse também que tem organizado anualmente cursos técnicos multidisciplinares e implementado desde 2008 um Programa de Controlos Sanitários a apiários a nível nacional.

De acordo com a Federação Nacional dos Apicultores de Portugal e com a Direcção-Geral de Veterinária, em 2004 estavam registados 22 mil apicultores no País, um número que caiu para os 15. 267 em 2007, o que se traduz numa variação negativa de 30,6 por cento.

Em 2004, estavam também registadas 580 mil colmeias, sendo que em 2007 havia apenas 555.049, um decréscimo de 4,3 por cento.

Geograficamente, a Beira Litoral é a região com maior número de apicultores (25,6 por cento do total) mas é também a zona onde os apicultores têm menor dimensão: em média, existem 17,8 colmeias por apicultor.

O Algarve e o Alentejo são as zonas continentais com menos apicultores mas em que estes têm maior dimensão: em média, existem 95,5 e 62,4 colmeias por apicultor, respectivamente.

Os Açores são a região do País com menos apicultores e menos colmeias e a Madeira é aquela em que os apicultores têm menor dimensão (cerca de 11 colmeias por apicultor).

Recentemente, têm-se conhecido vários casos de ataques de abelhas por todo o mundo, resultando daqui algumas mortes: em Portugal, só na Zona Centro, há registos de duas mortes provocadas por ataques de abelhas, um em Montemor-o-Velho e outro em Tábua, no Distrito de Coimbra.

Na próxima semana, um grupo de cientistas desta área vai reunir-se em Bruxelas para discutir a situação da apicultura na Europa.



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