Lusa
As pedras do troço da calçada da Campeã, em Vila Real, removidas para a realização de obras de saneamento foram repostas, garantiu hoje a arqueóloga que acompanha os trabalhos, após denúncias de destruição daquele património.
Desde segunda-feira que tem sido denunciada, principalmente através das redes sociais, a destruição da que dizem ser a calçada romano-medieval da Campeã no decorrer das obras que estão a ser promovidas pela empresa Águas do Norte.
Há estudiosos que referem que o conjunto viário da chamada Calçada do Arco integrava a antiga Via do Marão, que desde o período romano até ao século XIX assegurou a ligação do Interior ao Litoral.
Sandra Pereira, a arqueóloga que está a acompanhar a intervenção promovida pela Águas do Norte, afirmou hoje à agência Lusa que o projeto inicial foi alterado depois do alerta para a existência daquele caminho e com o objetivo de “salvaguardar” o troço mais bem preservado da calçada, incluindo o arco existente no local.
No entanto, explicou, que foi necessário fazer uma travessia num pequeno troço da via, numa extensão de quatro por dois metros, uma obra que garantiu que foi devidamente acompanhada e que cumpriu todos os trâmites exigidos, como o pedido de autorização para trabalhos arqueológicos (PATA) feito à Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN).
“Foi feito o levantamento topográfico e numeradas todas as pedras para serem repostas posteriormente, foi feito o acompanhamento da retirada das pedras, de abertura da vala e também de reposição das pedras”, referiu.
Este foi, acrescentou, “um trabalho moroso e meticuloso porque se tentou cumprir com rigor o que se tinha retirado”.
“Claro está que nunca se consegue na totalidade repor tudo, mas foi feita uma tentativa de fazer o melhor possível. Os trabalhos duraram dois dias e na terça-feira, às 18:00, ficaram completamente concluídos”, salientou a arqueóloga.
A Lusa contactou a DRCN que referiu que a Calçada da Campeã não está classificada, pelo que afirmou que não tem de emitir parecer sobre a obra em curso.
Confirmou também que, que nos últimos dias, deu entrada na Direção de Serviços dos Bens Culturais da DRCN o PATA para acompanhamento arqueológico da intervenção.
Apesar de não ser uma obra da câmara municipal, o presidente Rui Santos disse que o município está a acompanhar o processo.
Em julho, a Junta da Campeã enviou para a câmara uma solicitação para a classificação como património cultural imóvel do conjunto arquitetónico viário constituído pela suposta calçada romano-medieval, arco granítico e cruzeiro do Senhor da Boa Hora, a qual, por sua vez, remeteu o processo para a DRCN.
Rui Santos garantiu que “tudo está a ser feito dentro da lei”.
“Há meia dúzia de pessoas que, com motivações pessoais, políticas e provavelmente económicas põem sempre em causa tudo e todos. É fácil lançar suspeitas, dúvidas e até, em alguns casos mentir propositadamente para atingir determinados fins, difícil é provar”, referiu.
O presidente quis deixar “um apelo à responsabilidade” para que “não se faça constantemente desinformação”.
O autarca referiu que a aposta em obras de saneamento representa “ganhos para a qualidade de vida das pessoas e ganhos ambientais” e apontou que “às vezes é preciso compatibilizar situações”.
