O presidente da Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso (CIMAT) admitiu hoje algumas falhas no arranque da nova concessão dos transportes públicos rodoviário de passageiros, garantindo que vão ser corrigidas pelo operador.
A primeira fase da implementação do novo serviço de transportes públicos do Alto Tâmega teve início a 04 de dezembro em concelho de Montalegre e expandiu-se na terça-feira aos restantes municípios do território: Boticas, Chaves, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar.
O presidente da CIMAT e da Câmara de Boticas, Fernando Queiroga, disse que hoje, dia de reinício de aulas após as férias de Natal, foram detetadas algumas falhas na nova operação, referindo, no entanto, que “naturalmente se sabia de antemão que no primeiro dia as coisas não iriam ser iguais”.
O autarca social-democrata exemplificou com circuitos que não estavam anteriormente registados na plataforma de gestão de transportes, ainda com situações em que os autocarros não cumpriram horários ou que não foram às aldeias e passaram só na estrada ao lado.
“Vamos reorganizar isso fazendo chegar à nova operadora as falhas que hoje aconteceram para que sejam corrigidas já no regresso e amanhã se façam os percursos normais”, afirmou.
Fernando Queiroga disse que a CIMAT, enquanto autoridade de transportes da região, se vai manter vigilante e exigir a correção das situações que correram menos bem neste arranque de operação.
O serviço, agora designado por “Move Alto Tâmega e Barroso”, foi adjudicado à empresa Flaviamobil, Lda. e é constituído por 61 linhas: oito intermunicipais, 10 inter-regionais, 40 municipais e três urbanas.
Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, disse que se registaram “algumas situações de incumprimento, ainda que não muito relevantes” relativamente a alguns circuitos, designadamente a nível de atrasos ou algum desconhecimento por parte dos novos motoristas.
O autarca socialista explicou que coexistem, nomeadamente no concelho de Chaves, duas soluções de transporte que são complementares, a nova rede de transporte público de passageiros e ainda um serviço de transporte especial escolar, contratado pela autarquia durante o período letivo que tem 29 circuitos e transporta cerca de 600 alunos.
O concurso público internacional, lançado pela CIMAT, foi ganho pelo operador espanhol "Agrupamento XES” que constituiu uma empresa em Portugal para executar a concessão, com a designação Flaviamobil Lda.
O contrato de concessão foi assinado com a CIMAT a 30 de agosto de 2022 e o visto favorável do Tribunal de Contas foi emitido a 24 de março de 2023.
A concessão tem um período de vigência de sete anos e a despesa inerente a este contrato, segundo já disse a CIMAT, é de cerca de seis milhões de euros.
Em setembro, foi noticiado que a empresa adiou o início da atividade que estava previsto para outubro devido a dificuldades na admissão de motoristas e na legalização de novos autocarros.
O primeiro concurso público internacional ficou deserto porque os dois concorrentes apresentaram valores acima do preço base estipulado.
No segundo concurso só houve uma empresa candidata, a quem foi atribuída a concessão.
O serviço foi, até agora, assegurado pela Auto Viação do Tâmega (AVT), empresa que em comunicado e através do seu gerente, Miguel Nogueira, garantiu que “nos locais e sedes próprios” se tem posicionado e argumentado “sobre o deficiente concurso público internacional para a concessão e exploração do serviço público de transporte de passageiros na região lançado pela CIMAT em 2021”, tendo, inclusive, apresentado uma exposição a 18 de novembro de 2022 ao Tribunal de Contas, sem resposta até ao momento.
Hoje, depois de uma ação em que viajaram nos autocarros do novo operador, os motoristas da AVT, anteriormente responsáveis pelos percursos, pediram uma reunião com a CIMAT para exporem “diversas falhas e falhas e incumprimentos no serviço estipulado no contrato de concessão”, exemplificando com “carreiras que não existiram, autocarros avariados, sistemas de bilhética sem funcionar ou mesmo sem existir, incumprimento ou mesmo ausência de horários e o novo terminal rodoviário de Chaves sem qualquer infraestrutura”.