Para Jaime Silva, ministro da Agricultura, o caminho traçado para o sector - como referiu na entrevista concedida ao Emigrante/Mundo Português - é o da rentabilidade que preside a todos os projectos e diplomas que tem em carteira...

Não teme o arranque indiscriminado da vinha, por conta dos prémios garantidos no âmbito da Reforma da Organização Comum do Mercado (OCM) do Vinho?
Não, porque nós também conduzimos a negociação desta reforma da vinha e negociámos o princípio da subsidariedade que consiste em deixar o estado-membro adaptar os instrumentos à sua própria realidade.

Nós em Portugal temos muito aquela mentalidade que a \"culpa é sempre de Bruxelas\", ora eu acho que a Política Agrícola Comum é decidida em Bruxelas para todos e reconheço que nalguns casos ela peca por um pouco de centralismo, mas neste caso consegui convencer os meus colegas de que deveria haver instrumentos de decisão própria.

O que está nessa reforma da vinha é arranque de 170 mil hectares para toda a União Europeia, mas há regiões que ficam de fora deste arranque a menos que o estado-membro decida as condições desse arranque, o que significa que somos nós que vamos definir aqui as condições em que haverá arranque.

No Douro haverá algum arranque?

Poderá haver algum arranque. Eu chamei o presidente do IVDP para lançar a discussão em todo o Douro, sobre se o Douro necessita de arranque, e em caso de resposta afirmativa que tipos de vinha, sempre com o objectivo de vir a ganhar competitividade.

Tendo em conta a redução das ajudas ao sector e o fim do apoio à destilação, previstos na nova COM, não acredita num cenário de arranque da vinha por parte dos pequenos produtores?

Acredito que sim mas eles não vão poder arrancar só por quererem arrancar, porque só poderão arrancar se for para ganhar alguma competitividade. Claro que haverá muita gente que não irá gostar, mas nós não iremos certamente dar dinheiro para arrancar vinha indiscriminadamente. Iremos definir o número de hectares a arrancar e sobretudo o local onde se irá arrancar.

Depois iremos continuar a ter nos próximos quatro anos ajudas à destilação, mas com um objectivo determinado, porque a destilação só existe porque há um mercado desequilibrado, porque temos vinho que não conseguimos vender como vinho, se estamos a destilar é porque não estamos a ser competitivos na área do vinho.

O desafio que eu lancei ao sector foi este: nós, nesta reforma, temos 70 milhões de euros só para destilação, ora o Ministro da Agricultura ficava muito satisfeito se não precisássemos de fazer destilação e pudéssemos aplicar este valor na reconversão para vinhas de qualidade e na valorização directa do sector.



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