A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, o Conselho Nacional de Supervisores Financeiros e a Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega assinaram hoje no Porto um protocolo que visa "aumentar os níveis de conhecimentos financeiros da população".
As três entidades, que compõem o Conselho de Supervisores, "foram progressivamente percebendo que tinham que dar este conhecimento às pessoas porque, de acordo com um inquérito realizado em 2015, percebeu-se que existem muitas dificuldades a este nível. Muitas pessoas fazem contratos de crédito à habitação sem saberem o que é a Euribor e o que é o spred", afirmou Elisa Ferreira, vice governadora do Banco de Portugal.
De acordo com a responsável, "as pessoas não sabem exatamente o que é que estão a contratualizar, a maior parte não faz um planeamento daquilo que recebe e daquilo que vai gastar, não sabe o que são despesas dispensáveis e o que são despesas indispensáveis, ou o que é um contrato que obriga a uma prestação fixa ou variável".
"Estes conceitos também são ferramentas de sobrevivência, as pessoas têm de ser educadas nas questões financeiras e isso deve começar muito cedo para não serem enganados, abusados e não serem levadas a contratos e a práticas lesivas do seu próprio interesse", acrescentou Elisa Ferreira.
O protocolo hoje assinado enquadra-se no Plano Nacional de Formação Financeira, lançado em 2011 pelo Conselho Nacional de Supervisores Financeiros, que é composto pelo Banco de Portugal, Comissão do Mercado de Valores Mobiliários e Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundo de Pensões.
Além de pretender aumentar o nível de conhecimentos financeiros da população, o plano visa promover a adoção de comportamentos financeiros adequados.
Ao associarem-se a esta iniciativa, a CCDR-N e a CIM do Alto Tâmega -- que abrange os concelhos de Boticas, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar -- participam na formação de formadores, em iniciativas de formação financeira junto das autarquias locais, em campanhas de sensibilização e informação financeira e na disponibilização de materiais de (in)formação financeira.
As iniciativas de formação financeira previstas abrangem o planeamento e gestão do orçamento familiar, contas a depósito, serviços de pagamentos e serviços mínimos bancários, contas de depósito a prazo, contas de títulos e produtos de investimento, características e riscos associados, planos de poupança, fundos de pensões, crédito à habitação e crédito aos consumidores, seguros e prevenção de fraude.
As campanhas de sensibilização a desenvolver no âmbito do acordo de cooperação hoje assinado visam transmitir à população das autarquias locais da CIM do Alto Tâmega "mensagens simples sobre os temas financeiros previstos, tendo em vista alertar a população para esses assuntos e contribuir para a melhoria de atitudes e comportamentos financeiros.
Nos municípios do Alto Tâmega residem 88 mil pessoas, cerca de 2,5% da população da região Norte. De acordo com os dados referidos pelo presidente da CCDR-N, do total de habitantes nesta região apenas 8.700 são jovens até aos 15 anos.
A parceria entre os supervisores financeiros e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte visa promover a formação financeira da população da Região Norte. Para atingir este objetivo, serão realizadas diversas iniciativas de informação e formação financeira, através das autarquias locais.
O Plano Nacional de Formação Financeira (PNFF) assume-se como um instrumento que reconhece a importância da inclusão e formação financeira, define os princípios gerais de orientação para a sua promoção e enquadra e apoia a realização de iniciativas a nível nacional.
O Plano é um projeto de médio e longo prazo, em que as linhas de orientação definidas para 2016-2020 dão continuidade e reforçam a estratégia prosseguida nos primeiros cinco anos de implementação, entre 2011 e 2015.
O PNFF tem uma visão integrada e coordenada de iniciativas de formação financeira, reconhecendo que melhorar os conhecimentos e influenciar as atitudes e comportamentos da população nesta área só é possível com o envolvimento de um conjunto alargado de parceiros.