Uma associação ambientalista do Planalto Mirandês está a desenvolver um "projeto-piloto" de recuperação da biodiversidade em zonas de eucalipto nas margens do rio Angueira, de forma a devolver-lhe "o seu ecossistema natural", foi hoje anunciado.
"As ações prioritárias passam pelo restauro de terrenos com eucaliptos, plantados no século passado, e que causaram danos severos nos ecossistemas", explicou à Lusa o coordenador do projeto, Miguel Nóvoa.
O projeto designado por "Hotspot para a Biodiversidade" é da responsabilidade da Associação para o Estudo e Proteção Gado Asinino (AEPGA) e comparticipado em 50.000 euros pelo Fundo Ambiental.
De momento, os técnicos ligados a este projeto estão a proceder ao abate de eucaliptos e aplicar técnicas para evitar o reaparecimento destas árvores, para que sejam substituídas por espécies mais resilientes e de maior valor económico.
"Prendemos, igualmente, sensibilizar os agricultores a limparem terrenos onde havia eucaliptos, para restaurar a flora e a fauna local, com a finalidade de criar mais-valias económicas no ecossistema do Nordeste Transmontano", concretizou o responsável.
Este projeto vais incidir neste primeira fase, nas localidades de Algoso e Junqueira (Vimioso) a que se juntam Vale Certo e São Martinho do Peso (Mogadouro), no distrito de Bragança.
"A iniciativa pretende, ao mesmo tempo, sensibilizar as comunidades locais, através de iniciativas inovadoras de sensibilização ambiental, que envolvam os jovens que frequentam as escolas do território, através da realização de pequenos filmes informativos e os agricultores para a promoção de boas práticas agrícolas", indicou Miguel Nóvoa
Segundo os técnicos, um 'hotspot' para a biodiversidade ou 'hotspot' ecológico é uma região "biográfica" que é simultaneamente "uma região de biodiversidade, que pode estar ameaçado de destruição".
"Pretendemos, desta forma, criar uma zona resistente aos incêndios e mesmo tempo plantar espécies nobres da flora local, como a azinheira ou o sobreiro, e ao esmo ajudar a potenciar o turismo natureza e a micologia, e assim minimizar impactos ambientais", vincou o responsável.
Os trabalhos de regeneração agrícola e ambiental vão decorrer numa primeira fase, nas margens do rio Angueira, que é apresenta "como um dos territórios com maior biodiversidade em todo o país".
"Esta área tem um grande potencial para a preservação de espécies ameaçadas e prioritárias como o lobo ibérico, águia de Bonelli ou a águia-real, entre outras espécies da fauna e flora autóctones, como a azinheira ou o carvalho ",explicou o técnico.
O projeto em curso será executado até ao final de 2020.