Associações do Douro convocaram os viticultores para debater medidas que possam antecipar problemas e ajudar a evitar as incertezas na entrega das uvas, que foram sentidas na última vindima, foi hoje anunciado.

“Precisamos de antecipar e tomar medidas para que os viticultores não vivam a mesma incerteza que viveram em 2023, quando não sabiam aonde entregar as uvas”, afirmou à agência Lusa Rui Paredes, da Federação Renovação do Douro (FRD).

A vindima do ano passado ficou marcada por alguma agitação social na região porque, invocando dificuldades de vendas de vinho, grandes empresas não compraram ou compraram uvas em menos quantidade aos produtores.

A FRD e a Associação da Lavoura Duriense (ALD), que representam o setor da produção no conselho interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), convocaram os viticultores para uma reunião que decorreu hoje, em Sabrosa, distrito de Vila Real.

Até quarta-feira serão realizadas mais duas reuniões, em Mesão Frio (Vila Real) e Torre de Moncorvo (Bragança), e os temas em cima da mesa são: a entrada de vinhos de fora da região, o rendimento (produtividade) por hectare, a produção de aguardente no Douro, o arranque de vinha e a poda (vindima) em verde, ou seja, o corte dos cachos de uvas considerados a mais numa videira.

O objetivo é, segundo Rui Paredes, envolver os viticultores e recolher contributos para as medidas que estão a ser delineadas no seio do grupo de trabalho criado no Interprofissional, que junta a produção e o comércio.

Rui Paredes disse que é preciso saber se há entrada de vinhos de fora da região “sem controlo” e pede mais fiscalização por parte do IVDP, defendendo ainda a criação de critérios e uma fórmula de cálculo para definir um rendimento por hectare que tenha em conta as diferentes especificidades da região.

“A questão da aguardente também é muito importante, porque seria uma forma de nós escoarmos o excedente da produção”, referiu, explicando que esta aguardente serviria para a produção de vinho do Porto, mas advertindo que este tema requer uma análise mais aprofundada.

Rui Paredes defendeu ainda que se continuem a criar condições para que os pequenos viticultores se mantenham no território.

“Nós o que queremos é, em conjugação de esforços com o comércio e com o IVDP, encontrarmos as melhores soluções. Nós temos que pensar no todo, nunca podemos pensar em parte”, salientou.

Neste dia em que tomam posse os 41 secretários de Estado que completam o Governo liderado por Luís Montenegro, Rui Paredes aproveitou para afirmar que espera um contributo do novo executivo “para por a agricultura como um dos pilares da economia” nacional e “uma atenção às questões da viticultura e, em particular, do Douro”.

“Iremos, nos próximos dias, pedir uma audiência com o senhor ministro e o senhor secretário de Estado, no sentido de dar conta dos problemas do Douro, daquilo que estamos a fazer e do que é preciso fazer também, por parte do Estado”, afirmou.

O novo ministro da Agricultura é José Manuel Fernandes e o secretário de Estado da Agricultura é João Moura.

“Naturalmente não queremos que seja só o Estado a intervir, nós também temos a nossa quota-parte de responsabilidade, mas penso que é importante que o Estado tenha uma palavra a dizer e que não deixe ficar o setor em roda livre e sem uma intervenção com contributos positivos para o crescimento do setor”, referiu.



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