O Festival de Artes de Pombal de Ansiães (Farpa), que vai já na sua quarta edição, decorre, até à próxima quinta-feira, na homónima pequena aldeia da concelho de Carrazeda de Ansiães, onde a cultura e, especialmente, o teatro representam a persistência das tradições, já não muito comum na região.

Vítor Lima, presidente da Associação Recreativa e Cultural de Pombal de Ansiães (ARCPA), promotora do festival, diz mesmo que "não deve haver cinco casas na aldeia onde ninguém tenha já feito teatro", nos quinteiros de casas particulares ou no adro da capela. Até porque o teatro, na aldeia, sempre mexeu com toda a gente, e não só com os "actores", pois todos se mobilizavam para assegurar a organização de bastidores.

Na aldeia moram actualmente cerca de 350 pessoas, que nos meses de Verão se multiplicam. As casas recuperadas, refere, Vítor Lima, aumentam, "e já quase não as há para vender", acrescenta, referindo as inúmeras pessoas de fora da região que já aqui adquiriram residências para virem passar alguns dias nesta altura do ano, aproveitando a realização do festival.

Na edição anterior, o número de espectadores por espectáculo registou um mínimo de 300 e chegou a atingir os 600.

Este ano, pela primeira vez, vieram mais 15 jovens, que participam, na aldeia, num campo de trabalho internacional, uma iniciativa que tem o apoio do Instituto Português da Juventude. São cinco italianas, uma belga, uma holandesa, uma croata e ainda sete outros jovens portugueses, que colaboram nos preparativos e na organização do festival.

A jovem croata explicou-nos, num inglês irrepreensível, a sua surpresa por encontrar "um festival tão grande numa aldeia tão pequena".

Testemunha do dinamismo cultural desta localidade é o próprio percurso da ARCPA, fundada em 1975, mas já sucessora do Centro de Instrução e Recreio Popular de Pombal de Ansiães, fundado na década de 50, sucessor, por sua vez, do Clube Ansianista, oriundo dos loucos anos 20. Uma parede cheia de diplomas deverá ser suficiente para dar a ideia do protagonismo e da força das gentes de Pombal unidas pela arte, e, sobre tudo, pelo teatro.



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