O Hospital de Chaves e os Centros de Saúde de Odemira e Portalegre vão estar até ao final do ano totalmente informatizados, tornando-se desse modo as primeiras unidades públicas de saúde livres de papel.
O Hospital de Chaves foi o primeiro do país a ter o serviço de urgências completamente informatizado, um processo que teve início em Maio de 2003 e terminou em Dezembro desse ano com a \"retirada total do papel\", explicou Amílcar Salgado, do conselho de administração daquela unidade hospitalar.
Agora, está a avançar com o sistema para outros serviços como a consulta externa e a patologia clínica, devendo o processo estar pronto no final do ano, com a informatização do bloco operatório, dos internamentos, da farmácia, do banco de sangue e até da cozinha.
Com este projecto-piloto, designado Alert paper free (livre de papel), toda a informação clínica passa a circular via digital, desde a triagem, até à prescrição de exames e meios complementares de diagnóstico.
De acordo com o mesmo responsável, o projecto de informatização de toda a área clínica do Hospital custou perto de 3,5 milhões de euros, financiados pelo programa Saúde XXI e pelo Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC).
Integrada no mesmo sistema, mas com um orçamento separado, a digitalização da radiologia que permitirá que as imagens circulem digitalmente deverá estar operacional no início de 2007. A parcela destinada a esta unidade rondou os 670 mil euros, financiados pelos mesmos fundos, acrescentou.
O Hospital Distrital de Chaves serve uma população de cerca de 90 mil utentes, atendendo uma média anual de 52 mil pacientes em consultas externas e 63 mil nas urgências.
Este projecto-piloto vai ainda avançar para os cuidados de saúde primários, sendo os centros de saúde de Odemira e Portalegre os primeiros do país a aderir ao paper free (sem papel) até ao final do ano.
De acordo com Conceição Margalho, da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, o projecto de \"informatização global\" destes centros de saúde está já a decorrer há mais de um ano e funcionará como uma \"experiência piloto\" que será alargada a outras unidades de saúde, se tiver sucesso. \"Nesta fase estão a ser instalados os computadores. A formação aos profissionais será dada em Setembro, e até ao final do ano todo o projecto estará pronto\", afirmou.
Conforme explicou, a informatização dos serviços vai permitir que quando um utente se dirigir ao centro de saúde e fizer a inscrição, apareça imediatamente no visor do médico a informação de que aquele doente está para consulta.
A partir daí, os registos clínicos do doente ficam numa base de dados e todos os procedimentos são feitos pelo computador, desde as receitas médicas e meios complementares de diagnóstico, até ao acesso à história clínica do doente, que vai sendo sempre actualizada a cada consulta.
A informação relativa aos doentes passa assim a estar guardada numa base de dados, que contém o historial de doenças do utente, a sua vacinação, as intervenções cirúrgicas a que foi sujeito, bem como a sua história familiar.
Contudo, nem todos os profissionais de saúde têm acesso à mesma informação, salvaguardou Conceição Margalho, afirmando que existem vários níveis de acesso: um determinado patamar para os administrativos e outro pessoal auxiliar, outro para os enfermeiros e finalmente o médico, que pode aceder ao processo todo.
Paralelamente, está a ser desenvolvido um outro projecto, também pioneiro, de ligação em rede das unidades básicas de urgência (dos centros de saúde e dos hospitais).
No distrito de Beja, a ligação será feita entre o hospital distrital e os centros de saúde de Beja, Serpa, Moura, Castro Verde e Odemira, estando já instalada no de Serpa e a ser montada no de Beja.
No distrito de Portalegre, a ligação em rede entre o hospital distrital e os centros de saúde de Ponte de SÎr e Portalegre já está feita, mas ainda funciona com lentidão, adiantou a responsável.
A circulação dos dados referentes ao doente deverá assim tornar o seu atendimento mais rápido e eficiente, uma vez que em qualquer destas unidades de saúde passa a ser possível aceder à sua história clínica.
O Alert Care (dos centros de saúde) e o Alert UBU (Unidades Básicas de Urgência) custaram 1,6 milhões de euros, financiados pelo Saúde XXI.
O centro de saúde de Odemira serve uma população de 26.550 habitantes, tendo no ano de 2005 registado 58.295 consultas e 44.384 urgências.
O centro de saúde de Portalegre abarca uma população de 27.822 habitantes e atendeu no ano passado 72.270 utentes em consultas e 22.625 em urgências.
Ainda de acordo com os dados da ARS do Alentejo, no mesmo ano o Hospital de Beja deu 72.563 consultas e atendeu 51.818 urgências, ao passo que o Hospital de Portalegre registou 49.022 consultas externas e 52.444 urgências.