O projecto para a ampliação do aeródromo de Bragança acaba de ultrapassar mais um etapa legal com a conclusão do Estudo de Impacte Ambiental (EIA), que vai ser posto à discussão pública a partir de quarta-feira.
Até ao dia 20 de Abril todos os interessados poderão consultar as intenções da Câmara Municipal de Bragança que pretende ampliar em 500 metros a actual pista do aeródromo e que mereceu já a declaração de conformidade da comissão de avaliação de impactes ambientais, que não encontrou impactes negativos que inviabilizem a obra.
Apesar de se localizar em pleno Parque Natural de Montesinho, na freguesia de Baçal, o aeródromo mas apenas ocupa parte da zona de protecção especial classificada.
O aumento do tráfego na estrada nacional 218-3 que liga Bragança ao aeródromo, atropelos a algumas espécies, nomeadamente répteis, e impactes significativos na qualidade do ar são os principais pontos negativos apontados no EIA.
A comissão de avaliação não considera, no entanto, que sejam significativos, apesar de negativos, e recomenda o acompanhamento de situações como a qualidade do ar e da água e mediações dos valores de ruído.
Com o aumento de 500 metros, a pista ficará com um comprimento de 1700 metros e permitirá a aterragem de aeronaves de capacidade média, entre 40 a 60 passageiros, tendo em vista a criação de uma rede de transportes aéreos regulares mais vasta que as actuais ligações entre Bragança e Lisboa.
A "nova" pista permitiria aterragens de aviões com o porte de um Boeing 737-300, se estivesse localizada, em Lisboa, ao nível do mar, mas a cota de referência em Bragança situa-se nos 1487 metros, o que, associado às condições climatéricas locais, inviabiliza voos de maiores dimensões.
O projecto responde, no entanto, às ambições da autarquia local, que pretende aproveitar "a localização geográfica de Bragança, para integrar o aeródromo municipal em voos internacionais", a pensar na vizinha Espanha e no fluxo de emigrantes, sobretudo no Verão.
"Será lícito pensar que as populações espanholas mais próximas - nomeadamente de Zamora - tenham preferência por Bragança, pois em termos de transportes aéreos, as infra-estruturas mais próximas situam-se em Valladolid e Salamanca, a cerca de 180 e 150 quilómetros", respectivamente", lê-se no estudo não técnico.
De acordo com esse estudo, em 1991 residiam num raio de 80 quilómetros do aeródromo 162.800 indivíduos "com um forte probabilidade de preferirem esta alternativa".
A ampliação do aeródromo pretende também responder ao projecto de um emigrante português em França que propÎs a realização de carreiras regulares para ao fluxo de emigrantes portugueses que viagem entre os dois países.
O proponente fez já um voo experimental, em 1997, com um avião de médio porte, que aterrou no actual aeródromo, mas que teve dificuldade em descolar, confirmando as carências da actual pista.
As obras de remodelação do aeródromo têm ainda em vista a melhoria da plataforma e estacionamento das aeronaves, do terminal de passageiros e dos acessos e estacionamento de viaturas e das instalações técnicas.
As alterações projectadas são para um horizonte de 20 anos, prevendo-se um aumento dos voos dos actuais 540/ano para 920 e que por ali passem em média 144 passageiros, por dia.
Concluída a fase do EIA, segue-se a procura de financiamentos para o projecto, orçado em meio milhão de contos, e ainda sem prazos definidos de execução, apesar de o período de duração das obras estar estimado em um ano e meio.



PARTILHAR:

Depois de sucessivos adiamentos

Droga em Bragança