Farta de esperar pelos resultados práticos da investigação que está a ser levada a cabo pela PJ e pela própria GNR de Montalegre sobre a autoria de um invulgar número de incêndios em casas desabitadas e armazéns agrícolas, a população da aldeia de Lamachã, naquele concelho, decidiu recorrer a «justiça caseira» para terminar com o constante sobressalto.

O sino tocou a rebate, a população juntou-se e, unida, foi ter com o que todos julgam \"culpado\" um jovem residente que terá problemas relacionados com o consumo de álcool. \"Foi-lhe dito que, se voltasse haver mais incêndios, a povoação o metia lá no meio\", contou, ao JN, um morador.

Ausência de testemunhos

As autoridades alegam falta de provas para actuar. \"Quer nós, quer a PJ, não podemos prender ninguém sem provas. As provas não caem do céu e nós não somos adivinhos\", disse, ao JN, fonte da GNR, apelando à colaboração da população em termos de testemunhos.

No entanto, a população só agora, unida, perdeu o medo. Temiam represálias. \"Até temos medo de nos queixar, ele lembra-se e pega fogo ao que calha!\", disse, ao JN, um idoso, que preferiu manter o anonimato.

O último incêndio, numa casa desabitada, aconteceu há menos de um mês e debaixo de chuva. E, um dia depois, um outro fogo só não terá ido avante porque alguém o terá detectado atempadamente. Há cerca de um ano, durante o Verão, todas as quartas-feiras à noite havia incêndios.

Boleia dos bombeiros

O suspeito do fogo posto é também muito conhecido dos Bombeiros de Montalegre. Só no mês passado, sem contar as idas à aldeia do INEM, os bombeiros montalegrenses já o foram \"socorrer\" \"mais de dez vezes\".

\"Os Bombeiros e o INEM são o táxi dele. Quando quer ir para Montalegre e não tem boleia liga para o 122 e queixa-se de qualquer coisa, diz que caiu…\", contou um morador de Lamachã. Ao que o JN conseguiu apurar junto dos Bombeiros de Montalegre, tudo indica que o jovem chega a automutilar-se.

\"Nós sabemos que, a maioria das vezes que somos accionados, o motivo não é verdadeiro, mas não podemos correr o risco de não ir\", lembrou fonte dos Bombeiros, lamentando que ninguém tome conta da situação. Para já, a ameaça da população parece ter sortido efeito.



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