Os incêndios que deflagraram no concelho de Vila Pouca de Aguiar na segunda-feira terão queimado uma área de cerca de 8.000 hectares, tendo deixado um idoso desalojado e atingido vários armazéns, disse hoje a presidente da câmara.
“Já fizemos um relatório preliminar, temos uma habitação própria totalmente destruída, com uma pessoa desalojada que ficou só com a roupa que tinha no corpo. Já estamos a intervir no sentido de dar resposta a essa pessoa”, afirmou Ana Rita Dias.
Foram também atingidas cinco casas devolutas, vários armazéns agrícolas, um armazém industrial e muitas propriedades agrícolas.
“Temos vários prejuízos já reconhecidos a que temos, depois, de dar resposta”, frisou.
A autarca aponta para cerca de 8.000 hectares de área ardida desde segunda-feira, de floresta, principalmente pinhal, mato e terrenos agrícolas.
A floresta e a agricultura são as principais atividades económicas deste concelho do distrito de Vila Real.
Segundo Ana Rita Dias, por causa dos fogos houve também problemas a nível do abastecimento de água em algumas povoações, porque arderam estruturas, pelo que foi necessário contratar meios de urgência para repor o abastecimento.
“Agora é esperar pelo dia seguinte sem incêndios para conseguirmos, de facto, fazer um levantamento ao pormenor daquilo que aconteceu e depois veremos como é que isso será compensado”, afirmou.
Depois, acrescentou, será preciso acautelar o futuro.
“Temos aqui muitos montes que ficaram completamente despidos, podemos correr o risco de ter derrocadas se vierem chuvas intensas. Nos próximos dias poderão vir trovoadas e, portanto, isso também será um momento de preocupação”, frisou, acrescentando que confia que o Governo está empenhado em ajudar a criar meios e respostas para compensar as populações e os concelhos afetados.
O alerta para o primeiro incêndio em Vila Pouca de Aguiar foi dado pelas 07:30 de segunda-feira e a situação foi-se agravando ao longo do dia, com as chamas a manterem-se ativas até hoje. A primeira ocorrência foi em Bornes de Aguiar, depois Sabroso de Aguiar, Telões e, por fim, Quintã (Vreia de Jales), sendo que este último galgou para o concelho de Vila Real.
A autarca considerou que foi a falta de meios para o combate inicial aos fogos que “causou esta tragédia”.
Com um número de operacionais insuficiente para travar as chamas, foram muitos os populares e autarcas de freguesia que ajudaram a proteger as aldeias.
Desde o primeiro dia que Ana Rita Dias aponta para a origem criminosa destes fogos, referindo ter a indicação, sem confirmação oficial, de que já terão sido identificados suspeitos dos incêndios de Telões e de Sabroso de Aguiar.
Dos quatro fogos que lavravam hoje no concelho, três já entraram em fase de resolução, estando ainda ativo o que deflagrou em Sabroso de Aguiar, mas já com 80% da área dominada.
A noite vai ser de consolidação e de vigilância para os cerca de 130 operacionais que se espalham pelo concelho do distrito de Vila Real.
Sete pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas nos incêndios que atingem desde domingo sobretudo as regiões Norte e Centro do país, nos distritos de Aveiro, Porto, Vila Real, Braga, Viseu e Coimbra, e que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas.
A área ardida em Portugal continental desde domingo ultrapassa os 106 mil hectares, segundo o sistema europeu Copernicus, que mostra que nas regiões Norte e Centro, já arderam perto de 76 mil hectares.
A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) contabilizava, às 19:30 de quarta-feira, 34 incêndios ativos, sendo que destes 18 assumiam uma dimensão “significativa” e mobilizavam mais meios. No combate a estes 18 incêndios estavam envolvidos 2.434 operacionais, apoiados por 734 meios terrestres e 23 meios aéreos.
O Governo declarou situação de calamidade em todos os municípios afetados pelos incêndios nos últimos dias.