O presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, disse hoje que há uma “incapacidade manifesta da saúde pública” para gerir a situação epidemiológica no concelho que regista mais de 800 casos ativos de covid-19.
“Há incapacidade manifesta da saúde pública para gerir este processo. Essa incapacidade de recursos humanos, apesar de não reconhecida pela autoridade local de saúde, parece-me manifesta e em alguns casos poderá estar a gerar nas instituições e nos cidadãos alguma sensação de não estarem a ser acompanhadas”, alertou o autarca de Chaves, no distrito de Vila Real.
Nuno Vaz, que falava após nos últimos dois dias ter realizado reuniões com a comunidade escolar, instituições que acolhem idosos e proteção civil municipal, apontou a incapacidade da autoridade de saúde pública em “responder em tempo útil, nas 24 e 48 horas aconselháveis, à identificação de todas as pessoas suspeitas e de realizar os inquéritos epidemiológicos às pessoas infetadas”.
E ainda que não está a haver a “necessária coordenação entre a autoridade de saúde e a saúde familiar” e também que “nem sempre há a melhor articulação com as forças de segurança e bombeiros”.
“Era importante provocar na comunidade um sentimento de confiança, que é absolutamente essencial nestes processos de pandemia”, vincou, referindo que o aumento de casos nas última duas semanas no concelho criaram a incapacidade.
Segundo o boletim epidemiológico da Unidade de Saúde Pública do Alto Tâmega e Barroso, no concelho de Chaves registava-se na quinta-feira 844 casos na fase ativa da doença e 34 em isolamento, e uma ‘taxa de incidência’ nos últimos 14 dias de 2.246,9 casos por cem mil habitantes.
O autarca flaviense revelou ainda que manifestou à autoridade de saúde local a “necessidade de fazer um esforço suplementar” que pode ser feito com a “agregação de mais recursos dentro dos próprios serviços de saúde” e que disponibilizou ainda “recursos humanos da Câmara municipal”.
“Ficou essa intenção como predisposição mas não tivemos feedback sobre essa proposta, desconhecemos em absoluto se há uma predisposição para aceitar ou não”, apontou.
O socialista realçou que parte do trabalho da saúde pública “apenas pode ser feito por médicos de saúde pública”, mas considerou que a autarquia pode “cooperar nesses processos em atividades acessórias, relativamente às quais não haja nenhum problema de confidencialidade”, como questões administrativas ou informáticas.
Nuno Vaz destacou ainda a importância de haver “um processo de gestão da comunicação mais adequado”, com a divulgação de dados entre “todos os intervenientes da proteção civil”, para “em cada momento perceber a real situação epidemiológica”.
“Verdadeiramente tem assumido esse papel a Câmara municipal quando não tem informação suficiente para adequadamente ser bem gerida essa situação. Esperamos que seja feito de forma coordenada, conjunta, articulada e colaborativa”, salientou.
E acrescentou que espera desta forma evitar na comunidade “situações de alarme por falta de informação ou por informação interpretada de forma deficiente ou de forma errónea”.
Sobre os surtos nos lares do concelho, sem fornecer números em concreto reforçando que não ter acesso oficial a estes, Nuno Vaz destacou que estão “globalmente controlados” embora as “situações continuem a inspirar cuidados”.
“Nota de apreço pelo papel da segurança social que tem permitido colocar as brigadas rápidas de urgência nos lares. É uma nota positiva sabendo que se a situação [do número de casos] não se inverter pode acontecer a curto prazo termos algumas instituições com graves problemas para prestar cuidados básicos aos seus utentes”, frisou.