O presidente da Câmara de Chaves disse hoje esperar que 2024 seja um ano “francamente melhor” na área da saúde e que sejam repostas as valências de pediatria e de ortopedia suspensas desde novembro no hospital local.
“A nossa expectativa é que 2024 seja um ano francamente melhor no que diz respeito às respostas em saúde e isso significa que a nossa expectativa é que, a partir da primeira semana de janeiro de 2024, nós possamos ter na unidade hospitalar de Chaves todas as respostas e serviços que existiam antes deste interregno”, afirmou hoje à agência Lusa o presidente da câmara, Nuno Vaz.
Desde o início de novembro que as urgências pediátrica e de ortopedia, bem como os internamentos nestes serviços, estão suspensos na unidade de Chaves do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD).
A administração do CHTMAD explicou que a medida se deve à falta de médicos, nomeadamente devido à indisponibilidade para realizar mais horas extraordinárias além das 150 previstas na lei.
Nuno Vaz disse que houve também “um conjunto de incidências negativas” na área da urgência médico-cirúrgica, ou seja, períodos em que o serviço teve apenas um médico disponível e os utentes foram encaminhados para Vila Real.
O autarca, que garantiu ter estado atento ao desenrolar da situação durante este período, disse esperar que 2024 traga boas notícias para o hospital que tem como área de influência os concelhos de Chaves, Boticas, Montalegre e Valpaços, no norte do distrito de Vila Real.
Considerou ainda que os últimos três meses foram de “quase uma agonia” na unidade hospitalar e mostrou-se preocupado com a perda de “respostas fundamentais” neste território.
Autarcas do Alto Tâmega e a população manifestaram-se a 28 de outubro para alertar para o fecho de serviços no hospital e reclamar o reforço da resposta em saúde neste território envelhecido.
Nuno Vaz espera que a atividade naquela unidade seja retomada com normalidade e disse ter a expectativa de que o novo modelo de organização do serviço de saúde, que deverá entrar em funcionamento no arranque do novo ano, não traga impactos negativos.
A partir de janeiro deverá entrar em funcionamento a Unidade Local (ULS) de Saúde de Trás-os-Montes e Alto Douro, que agrega o CHTMAD e os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) do Douro Norte, Douro Sul e Alto Tâmega e Barroso, com uma área de influência de 21 concelhos.
“A nossa expectativa é que esse novo modelo organizativo não traga impactos negativos, mas traga os ganhos em saúde e de racionalidade económica que têm sido sistematicamente aduzidos e evidenciados por parte do Ministério da Saúde, mas particularmente da direção-executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, apontou.
No entanto, Nuno Vaz destacou algumas preocupações, como a dimensão territorial da nova ULS.
“O que nós esperamos é que a ULS não acrescente problemas aos problemas vivenciados hoje ao nível do atual centro hospitalar e não sejamos confrontados, em 2024, com um centralização maior dos serviços de saúde, seja na unidade hospitalar de Vila Real, seja num outro qualquer ponto da rede”, acrescentou.
Referiu também que ainda não se percebeu qual o modelo de governação relativamente aos cuidados primários, e, por tudo isto, Nuno Vaz afirmou que se vai manter “muito vigilante”.
Após a reforma da saúde anunciada em setembro pelo diretor-executivo SNS, onde está incluída a criação da ULS de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Comunidade Intermunicipal do Alto Tâmega e Barroso, que agrega os municípios de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar aprovou a moção “Pela criação da Unidade Local de Saúde do Alto Tâmega e Barroso”.
Já em 2011, na Assembleia da República, foi aprovada uma recomendação ao Governo para a criação de uma ULS que junte as unidades de saúde destes seis municípios, mas esta Unidade Local de Saúde nunca foi concretizada.