O Ministério da Saúde retrocedeu e criou um regime de excepção para o funcionamento dos Serviços de Atendimento Permanente (SAP) no distrito de Bragança. Ao contrário do resto do país, onde os SAP vão passar a encerrar após as 22 horas, em Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Miranda do Douro, Torre de Moncorvo, Vimioso e Vinhais, aquele serviço vai manter-se aberto entre as 22 e as oito horas, durante a semana, e entre as oito e as 20, ao fim-de-semana, com um médico de prevenção à chamada e um enfermeiro em presença, para atendimento de casos graves.
A nova modalidade entra em vigor no dia 27. Os protocolos entre as autarquias e a Administração Regional de Saúde do Norte foram assinados, ontem, em Bragança. Apesar da relutância dos autarcas, um dia antes, todos acabaram por viabilizar o acordo.
Esta é, porém, uma situação que o ministro da Saúde, Correia de Campos, admite ser «transitória», e que foi desenhada tendo em conta as especificidades da região e as fracas acessibilidades até que estejam criadas as condições necessárias para que os centros de saúde possam encerrar à noite, dada a possibilidade de uma maior rapidez no transporte para as urgências.
Médicos deslocados
Quando começarem a funcionar os dois Serviços de Urgências Básicas (SUB), a criar no centro de saúde de Mogadouro e no Hospital de Macedo de Cavaleiros, os médicos, que agora vão ficar à chamada, vão ser deslocados para as urgências básicas, que funcionam sempre com dois médicos em permanência.
Os SUB serão criados assim que estejam em funcionamento os meios de transporte mais rápido de doentes um helicóptero SIV (Suporte Imediato de Vida) que ficará em Macedo de Cavaleiros, assim como uma ambulância SIV, que deverá ser usada sempre que o meio aéreo não puder ser usado, já que os estudos apontam para que 60 dias por ano isso possa acontecer, devido às más condições meteorológicas. As outras duas ambulâncias SIV irão para Miranda do Douro e Torre de Moncorvo.
Os meios poderão chegar à região dentro de um ano, após a conclusão dos trâmites do concurso público internacional para a sua aquisição. Correia de Campos diz que é assim que se consegue um socorro mais «rápido e eficiente».
Os doentes terão, ainda, disponível o Serviço de Atendimento Telefónico Permanente, que passará a funcionar no dia 25. A reestruturação implica que todos os municípios passem a dispor de um heliporto, da responsabilidade das câmaras municipais, um aspecto que suscitou dúvidas aos autarcas, mas que o ministro da Saúde considera justificável «porque é um ponto de utilização comum, também, para a Protecção Civil».
O Hospital de Mirandela vai dispor de Serviço de Urgência Médico-Cirurgica, que será ampliada e dotada de um ambulatório e passará, ainda, a integrar a Rede Nacional de Urgências.
Foi de gravata preta, em sinal de luto, que Manuel Rodrigo Martins, autarca de Miranda do Douro, assinou o protocolo para que o Centro Se saúde daquela cidade passe a deixar de ter um médico em permanência entre as 22 e as oito horas. «Assinei, mas contrariado», afirmou, ferido e magoado porque diz ter sido «pressionado».
O autarca referiu que se está «perante uma política de ditadura, do quero, posso e mando. Não se compreende porque é que este protocolo tinha de ser assinado hoje», acrescentando que essas situações não podem ser decididas apenas pelo autarca, que é o porta-voz do município, «mas tem os seus órgãos próprios, a Câmara e a Assembleia Municipal». O edil foi informado de que se o protocolo não fosse assinado, o SAP seria encerrado à noite.