O presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, defendeu hoje que é “urgente e imperioso” fazer a ligação ferroviária por Trás-os-Montes até Espanha e mostrou-se preocupado com a calendarização do investimento.

“É urgente, é imperioso fazer a ligação Porto – Vila Real – Bragança – Espanha o mais depressa possível. Estamos preocupados com a calendarização do investimento, mas temos a expectativa de que ele possa ser antecipado”, afirmou o autarca socialista.

O Plano Ferroviário Nacional (PFN) compila um conjunto de investimentos e projetos até 2050, no entanto, Rui Santos defendeu que a via transmontana “devia ter prioridade” e que “seria o ideal” apontar para 2030.

A consulta pública do PFN termina na terça-feira, dia 28 de fevereiro, e a Câmara de Vila Real também participou nesta consulta, através do Eixo Atlântico.

A cidade de Vila Real foi servida pela Linha Ferroviária do Corgo até 2009, uma via que ligava a capital de distrito à Linha do Douro, no Peso da Régua.

Agora, o PFN propõe uma nova ligação ferroviária que poderá vir a ligar Porto a Espanha, por Vila Real e Bragança.

A hipótese considerada para este plano assume a construção de uma linha nova com uma velocidade de projeto de 160 quilómetros por hora, podendo ter alguns troços a 200 quilómetros por hora, onde tal não implique um sobrecusto significativo.

Esta hipótese permite, segundo o documento, obter tempos de viagem que "são competitivos" com a rodovia.

Desta forma, o tempo de viagem estimado para serviços intercidades entre Porto – Vila Real, com quatro paragens, é de 1:05, e Porto – Bragança, com oito paragens, é de 2:00.

“O que todos queremos, todos sem exceção, é alta velocidade ou velocidade elevada. A mim, o que me parece relevante é que esta linha seja competitiva relativamente à rodovia, isto, é seja uma linha rápida - mais rápida do que ir de automóvel - seja uma linha confortável, uma linha segura e, depois, a terminologia para mim não é relevante”, salientou Rui Santos.

Para o presidente, os tempos que estão previstos parecem razoáveis.

“Parece-me que é um tempo aceitável e parece-me também que a ligação a Espanha, e aí o TGV, também me parece aceitável”, frisou.

Esta linha, segundo o documento, “pode ser pensada também para o tráfego de mercadorias, assumindo-se como um futuro novo corredor internacional que assegure a o crescimento do tráfego”.

No PFN é referido que a reabertura da Linha do Corgo “não se afigura como uma opção viável” para o restabelecimento da ligação ferroviária à capital de distrito, uma vez “que os tempos de viagem na ligação ao Porto, seriam sempre demasiado longos para poder captar uma quota modal significativa das deslocações”.

Desta forma, acrescenta que “apenas com a construção de uma nova linha de caminho-de-ferro se poderá criar uma solução de acessibilidade eficaz”.

No plano, considera-se que a reabertura, pelo menos parcial, da Linha do Corgo, “não deve ser descartada”, podendo “cumprir funções de transporte local entre Vila Real e a Régua, fazendo o fecho de malha entre a nova linha e a Linha do Douro”.

É salientado ainda o “potencial turístico relevante” desta linha que chegou a ligar Vila Real a Chaves, um troço fechado em 1990.

“Na minha opinião, que não vincula a câmara, a Linha do Corgo tem obviamente potencial turístico, mas nunca será uma linha competitiva em termos de tempo porque a ligação de Vila Real à Régua, que agora se faz em 25 minutos de carro, demorar mais de uma hora, nunca será competitiva em relação à rodovia”, referiu Rui Santos.

O autarca lembrou que está em curso o projeto da ecopista, que ocupa o canal da Linha do Corgo e vai ligar aos concelhos vizinhos do Peso da Régua e de Vila Pouca de Aguiar.




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