O presidente da Câmara de Vila Real considerou hoje “inconcebível” que a região transmontana tenha sido excluída da rede de laboratórios para o diagnóstico da covid-19 e exigiu uma revisão da medida que inclua o centro hospitalar.
“O nosso Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) não está na lista de laboratórios que poderão realizar a testagem para a covid-19. Fomos ainda informados de que esta situação não faz sentido, uma vez que o Hospital já tinha o número de casos suficientes para ser validado”, afirmou Rui Santos.
O autarca exigiu “ao poder central a revisão imediata desta situação, no sentido do hospital poder realizar os referidos testes”.
“Vila Real não é Lisboa ou Porto, com um hospital em cada esquina. O CHTMAD é a única unidade de saúde preparada para nos acudir. Está em causa a saúde de todos nós”, frisou numa carta remetida hoje ao primeiro-ministro, António Costa, e à ministra da Saúde, Marta Temido.
Na área da Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, os laboratórios com capacidade para diagnóstico da covid-19 estão localizados no Porto, Gaia, Matosinhos, Braga e Guimarães.
Na carta, o autarca referiu que, como consequência desta decisão da Direção-Geral da Saúde (DGS), o “Nordeste Transmontano fica numa situação muitíssimo alarmante, nomeadamente quando se verifica um aumento significativo de contágios”.
Hoje foram confirmados 20 casos positivos de covid-19 num lar de idosos localizado no centro da cidade de Vila Real, designadamente 13 utentes e sete funcionários.
“Ao não ser possível realizar testes localmente, a nossa população vai passar a ter um atraso inaceitável no recebimento dos resultados dos testes, pois estes terão que ser enviados para o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA)”, referiu o presidente na missiva.
E continuou: “para que fique claro, a diferença é entre receber o resultado em 24 horas (hoje) e passar a recebê-lo num prazo mínimo de 72 horas e isto se o INSA não estiver assoberbado com o número de casos a analisar”.
“A consequência óbvia deste atraso de três dias é que, durante esse tempo, o caso suspeito pode infetar os profissionais de saúde, a família e a população em geral”, frisou.
Fica também claro, para Rui Santos, que “o Nordeste Transmontano não vai ter direito a ser testado de forma mais generalizada, apenas se testando casos sintomáticos”.
“A cadeia de contaminação agora detetada no Lar de Nossa Senhora das Dores, em Vila Real, encarregar-se-á de demonstrar o desacerto dessa medida”, sustentou.
O autarca apontou ainda o regresso dos emigrantes ao território.
Na sua opinião, “esta situação vai seguramente acelerar o número de casos na região, já que as forças policiais no terreno são escassas para impor o isolamento decretado" e "sem laboratório de testes no Nordeste Transmontano, esta situação poderá vir a resultar numa verdadeira calamidade”.
O município acionou hoje o plano de emergência municipal, justificando com o “aumento significativo do número de infetados no concelho de Vila Real, provenientes de uma cadeia de contacto identificada e em fase de controlo no Lar da Nossa Senhora das Dores”.
A autarquia explicou que o acionamento deste plano em nada interfere com as medidas restritivas aprovadas e implementadas pelo governo, nem altera as recomendações da DGS.
A ativação decorre essencialmente da “necessidade de aprofundar a articulação entre as várias entidades com um papel na pandemia de covid-19 e de centralizar a informação sobre todas as questões relacionadas com o combate”.
Após validação da secretária de Estado da Administração Interna, também o plano distrital de emergência e proteção civil de Vila Real foi hoje ativado.
Segundo a DGS, Portugal tem 33 mortes associadas ao vírus que provoca a covid-19 e 2.362 pessoas infetadas.