Responsável diz que a região tem das melhores redes de resposta a doentes urgentes e não compreende protesto da Câmara pelo encerramento da urgência.

O conselho de administração do Centro Hospitalar do Nordeste (CHNE) acusou a Câmara de Mirandela de lançar «alarmismo e desinformação» numa região que dispõe actualmente das melhores redes de resposta rápida do país a doentes urgentes.

Os responsáveis do CHNE acreditam que actualmente um doente de Miranda do Douro chega mais rápido a Bragança, apesar da centena de quilómetros que o separa, do que um na Areosa, no Porto, chega ao São João, mesmo estando a poucos quilómetros do hospital.

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O director clínico, Sampaio da Veiga, garantiu que o Nordeste é «das regiões do país que mais unidades de resposta rápida de emergência pré-hospitalar tem», com um helicóptero, duas VMER e três ambulâncias SIV.

No Porto, segundo o director do serviço de cirurgia do CHNE, António Ferrão, «a ambulância do INEM pode apitar as vezes que quiser, mas ainda não levanta voo e mesmo que houvesse helicóptero tinha de ir aterrar a Pedras Rubras e (o doente) ir para o hospital de ambulância».

«E até agora eu ainda não vi o senhor presidente da Câmara Rui Rio fazer manifestações públicas porque o hospital de São João não tem INEM», afirmou, referindo-se aos protestos do presidente da Câmara de Mirandela que entregou sexta feira uma acção a pedir ao tribunal que obrigue o Mistério da Saúde a cumprir o protocolo celebrado há três anos, criando todas as especialidades necessárias à urgência.

Os meios de socorro encontram-se algumas vezes inoperacionais por falta de médicos, o mesmo problema que levou o CHNE a reduzir para meio dia o funcionamento da cirurgia na urgência de Mirandela, já que quatro dos 12 cirurgiões se encontram de férias, alternadamente, até Setembro.

Segundo António Ferrão seriam necessários mais do dobro, 25, para assegurar o serviço em pleno.

Em 12 dias, desde que a medida está em vigor, foram transferidos de Mirandela para Bragança três doentes o que dá uma média de 0,16 por cento por dia.

Na opinião do director do serviço, com estes números, «nos países civilizados era bem pouco provável que a urgência estivesse aberta» porque entende que «é saúde pública de fachada».

«Quem sabe de saúde são os médicos»

Para este especialista, «tentar dar aos presidentes das câmaras um protagonismo nesta área foi criar uma má saúde porque quem sabe de saúde são os técnicos, os médicos».

«A coisa mais vulgar que acontece é que um indivíduo que parte uma perna e faz um traumatismo craniano, tenho que ir para três hospitais: porque a urgência de Mirandela está aberta vai ter obrigatoriamente de ir para Mirandela, porque senão o presidente da Câmara leva a mal, depois tem de vir tratar a perna a Bragança e depois vai para o Santo António (Porto) para traumatismo craniano», exemplificou.



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