A proposta do Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho inviabiliza a concretização de três projectos considerados fundamentais em Bragança. Em causa está um investimento de 200 milhões de euros em projectos de energia eólica que uma empresa irlandesa quer fazer no concelho de Bragança, porque não prevê a construção de parques eólicos em qualquer ponto daquele território.
O que leva os autarcas da zona a dizer que a proposta está \"a leste\" da política energética do país.
Impede ainda a construção de uma ligação, em perfil de Itinerário Principal, entre Bragança e a Puebla de Sanábria (Espanha). Também a construção da Barragem das Veiguinhas, que resolveria o problema de abastecimento de água a Bragança, poderá não ser viabilizada, uma vez que a proposta não prevê novas barragens e albufeiras.
Os 14 autarcas de Bragança, cujas freguesias estão inseridas na área protegida e representam 60% do seu território, estão contra a proposta de Plano de Ordenamento, alguns deles consideram que o melhor é abandonar o Parque de Montesinho, porque se advinham ainda mais restrições que as que já existem actualmente.
Aquela área protegida foi criada há cerca de 20 anos. Desde então que se fala na elaboração do Plano de Ordenamento, mas agora autarcas e populações sentem-se defraudados. \"Não é possível que algumas pessoas, um pouco no anonimato, castiguem outros cidadãos\" disse Jorge Nunes, presidente da Câmara de Bragança.
Outro aspecto que está a criar engulhos é o facto de o Plano de Ordenamento não ter associado um plano de financiamento, o que significa que não vão existir apoios para as populações. Revoltado, Amândio Costa, presidente da junta de França, diz que \"o parque já deu o que tinha a dar\", porque o plano não deixa hipóteses de desenvolvimento nas aldeias.
Os autarcas elaboram um documento de análise e tomada de posição que vai ser enviado ao Governo e ao Presidente da República para os sensibilizar para os problemas, antes que o documento entre em fase de discussão pública.