Um grupo de autarcas da raia nordestina, reunidos hoje em Miranda do Douro, decidiu avançar para a criação de um grupo de trabalho transfronteiriço para desenvolver "soluções" que contribuam para "contrariar" o despovoamento deste território ibérico.

"Hoje deu-se um passo em frente para unir as populações da zona de fronteira para que, sem intermediários, se possa elaborar em plano estratégico tendo em vista o desenvolvimento de toda esta região transfronteiriça. Vamos, numa primeira fase, ouvir os autarcas de cada umas das localidades envolvidas para se avançar em frente", disse à Lusa presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes.

Este grupo de trabalho será constituído, oficialmente, no início de janeiro e poderá contar com as populações dos territórios fronteiriços de Aliste e Sayago, do lado espanhol, e do Planalto Mirandês (Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso), do lado português.

"Queremos ser práticos e objetivos para aquilo que pretendemos para o território raiano. Não pretendemos ir pela parte negativa, mas vamos fazer o nosso trabalho de levantamento das necessidades mais urgentes e só depois reivindicar", concretizou o autarca português.

A ideia passa por elaborar um documento em que estejam inscritas as principais "carências" de cada um dos municípios envolvidos e só depois "partir para a reivindicação, junto de instâncias superiores", como os governos dos dois países ibéricos e a União Europeia (UE).

"O documento depois de elaborado será apresentado em janeiro. Depois haverá reuniões mensais, até maio de 2020, para aprofundar os temas inscritos no diploma inicial, para depois se passar à reivindicação das necessidades do território transfronteiriço", referiu Artur Nunes.

Para os intervenientes neste processo, o território de fronteira precisa de ser "mais atrativo e exigente" para ter "a capacidade de atrair pessoas".

Por seu lado, o alcaide de Fermoselle (Espanha), José Pilo Vicente, frisou que há muito que fazer para desenvolver economicamente os territórios fronteiriços de Aliste, Sayago e Planalto Mirandês.

"Se nós não fizermos o nosso trabalho, ninguém o vai fazer por nós. Temos de estar unidos em ambos os lados da fronteira do Douro", enfatizou o autarca espanhol.

O responsável disse que esta zona raiana "é um dos territórios mais deprimidos da União Europeia", sendo importante "inverter esta tendência".

"Podemos classificar este território como um desastre demográfico. Dos dados que disponho, há oito habitantes por quilómetro quadrado do lado espanhol. Temos de tomar medidas urgentes para apelar à UE que nos ajude a encontrar soluções", sublinhou.

O autarca de Formoselhe lembrou, igualmente, a necessidade da criação de um corredor rodoviário entre Aliste e Sayago, com ligação ao Itinerário Complementar 5 (IC5) e seguimento via Autoestrada 4 (A4), para o Porto.

Tanto portugueses como espanhóis deixaram antever que a melhoria das ligações rodoviárias, comunicações móveis e reforço do sinal da Internet seriam pontos importantes para "o desenvolvimento económico dos territórios de fronteira do Douro Internacional e da raia seca nordestina".



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