Os autarcas de Peso da Régua e do Pinhão (Alijó), no distrito de Vila Real, mostraram-se hoje “perplexos” e “frontalmente contra” a decisão da CP de reduzir a oferta nos comboios turísticos da Linha do Douro.
A CP anunciou que o comboio histórico a vapor regressa à Linha do Douro entre 01 de junho e até 26 de outubro, informando, no entanto, que este ano as viagens se vão realizar apenas aos sábados e no feriado de 15 de agosto, num total de 23, o que equivale a cerca de metade das efetuadas no ano passado.
Recentemente, a empresa confirmou também o fim do comboio turístico “Miradouro”, que tinha sido criado há dois anos e que a empresa decidiu não manter em 2019.
O presidente da Câmara de Peso da Régua, José Manuel Gonçalves, afirmou hoje à agência Lusa que está “frontalmente contra” esta decisão da CP, considerando que se trata de “mais um atentado” contra a região.
O autarca disse que a redução da oferta turística ferroviária no Douro é “prejudicial para a imagem” do território e “para a captação de turistas”.
“Quando estamos aqui a trabalhar cada vez mais para captar turismo e captar mais dinâmicas económicas assentes no turismo, temos por outro lado entidades da administração central a cortarem serviços e alicerçados sempre naquilo que nós consideramos inaceitável, que é a racionalidade económica”, salientou.
A CP justificou a redução do número de viagens do comboio histórico com a diminuição da procura que se verificou em 2018, ano em que viajaram no comboio histórico 6.190 clientes, quando em 2017 esse número foi de 10.100 clientes.
Segundo a empresa, as receitas obtidas foram da ordem de 375.700 euros em 2017 e 234.100 euros em 2018.
“Que se avalie então a racionalidade económica de muitos dos serviços que são prestados nos grandes centros urbanos”, frisou José Manuel Gonçalves.
O autarca disse que a procura pelos comboios turísticos baixou porque se “baixou também a qualidade do serviço e a oferta”, elencando como exemplo o “Mirandouro”, que chegou a ir até ao Tua e que, depois, ficou pela Régua.
“Estamos a reduzir a oferta de um serviço que é uma oferta única. Viajar num comboio onde se pode abrir a janela e respirar o ar do Douro, estamos a castrar um serviço único que podia dar sensações e experiências diferentes”, afirmou.
José Manuel Gonçalves disse que vai pedir audiências ao presidente da CP e ao secretário de Estado dos Transportes.
Por sua vez, Sandra Moutinho, presidente da Junta de Freguesia do Pinhão, no concelho de Alijó, disse ter ficado “perplexa” com os recentes anúncios de redução da oferta turística no Douro e, em particular, nesta vila que “anualmente recebe milhares de visitantes por via ferroviária”.
A autarca lamentou a decisão da CP que é feita “numa altura em que o turismo na vila tem vindo a crescer sustentadamente e muito por via da oferta ferroviária”.
“Há muitas pessoas que procuram a região e o Pinhão e chegam de comboio, quer no serviço regular quer nos serviços turísticos. Menos comboios significam menos pessoas e um impacto na economia local”, frisou.
O comboio histórico do Douro é composto por uma locomotiva a vapor e cinco carruagens históricas de madeira datadas do início do século XX, que parte da estação de Peso da Régua, para no Pinhão e segue até ao Tua (distrito de Bragança).
Nas edições anteriores, a CP realizava também viagens aos domingos.
foto: António Pereira