Os 19 autarcas da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Douro pediram à ministra da Agricultura uma “atenção redobrada” sobre os “graves problemas” que existem na região e colocam em causa a sua sustentabilidade económica, social e ambiental.

“A hora é de união, sendo certo que consideramos que a reformulação do atual quadro legal e institucional, não desconsiderando as especificidades da região, é uma urgência”, afirmou a comunidade intermunicipal numa moção divulgada hoje.

A vindima que está a terminar no Douro ficou marcada por um aumento da produção, num contexto de quebras nas vendas de vinhos, nomeadamente de vinhos do Porto, o que levou a que grandes operadores não tivessem comprado ou tivessem comprado uvas em menor quantidade aos produtores.

Muitos destes produtores recorreram às adegas para entregar as uvas, que se queixaram de problemas de armazenamento, temendo ainda dificuldades no escoamento dos ‘stocks’.

Os autarcas analisaram a situação que se vive atualmente no Douro e aprovaram uma moção através da qual pediram uma “atenção redobrada” à ministra do Maria do Céu Antunes sobre “os graves problemas que existem na região demarcada, que colocam em causa a sua sustentabilidade económica, social e ambiental, presente e futura”.

Mas também apelaram à promoção de uma ampla discussão com os agentes económicos, ligados à produção e ao comércio, com deputados que representam a região na Assembleia da República, com os autarcas e representantes institucionais, como o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP) e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

“Entre outros que possam contribuir para uma solução final que promova a estabilidade económica e social da região”, sustentaram os autarcas.

A Região Demarcada do Douro exporta anualmente cerca de 44% do valor total das exportações portuguesas de vinhos, e, neste território, o turismo tem crescido, designadamente o enoturismo.

No entanto, segundo a CIM, o Douro “enfrenta, de há uns anos a esta parte, uma crise latente”, apontando como problemas “a insuficiente valorização do produto vinho, e consequente abaixamento dos preços das uvas, a desvalorização do património e o consequente abandono do território”.

Para a subsistência deste problema, os autarcas falam em razões como “uma sobreprodução da região, a diminuição de vendas de vinho do Porto e o baixo preço geral dos vinhos face ao seu real valor e custos de produção”.

Mas, na moção a comunidade intermunicipal deixa um conjunto de questões como: “Estaremos perante um verdadeira crise de sobreprodução da região ou antes perante alguma ineficácia na promoção e procura de novos mercados e na diversificação das formas de apresentação dos nossos vinhos? Que outra atividade sobreviveria com preços de venda de há 20 anos e custos de produção que triplicaram na atualidade? Quem vende o produto de um ano de trabalho, sem saber ao certo que preço irá receber?”.

Perguntaram ainda “se o vinho do Porto vê diminuídas as quantidades para exportação nos últimos anos, como explicar então a expansão do consumo dos vinhos de Denominação de Origem Controlada (DOC)?” e “Como entram na região alegadamente milhões de litros de vinhos e mostos alheios ao território da região demarcada?” e “Como decorreu e que efeitos produziu o processo da destilação de crise/2023?“.

“A verdade é que os pequenos e médios produtores do Douro têm vivido e convivido com uma crise absolutamente asfixiante, que de ano para ano vai inviabilizando lenta, mas inexoravelmente a continuidade da sua atividade, estando criadas todas as (más) condições para pura e simplesmente serem centrifugados do sistema. Os dados do IVDP são elucidativos desta redução e esse processo vai acelerar”, salientou a CIM.

A moção vai ser remetida ao Presidente da República, CCDR-N, IVDP e Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).




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