O presidente da Câmara de Chaves defendeu hoje a livre circulação de pessoas dentro da eurocidade Chaves-Verín como forma de reduzir o impacto económico negativo da pandemia e realizar um “caso de estudo” percebendo os efeitos do desconfinamento.
“Salvaguardando os cuidados de saúde, é possível ensaiar nesta região uma tentativa de perceber se efetivamente é possível o desconfinamento e até realizar um caso de estudo nesta eurocidade”, defendeu à agência Lusa o autarca de Chaves, no distrito de Vila Real, Nuno Vaz.
Para o autarca, a eurocidade que junta a localidade transmontana e Verín, na região da Galiza, em Espanha, tem já “um espaço consolidado” e uma “relação de proximidade, comercial e afetiva muito intensa”.
“Esta situação [das fronteiras encerradas] tem efeitos negativos para os comércios locais, hotelaria ou restauração, pelas dinâmicas económicas já existentes”, vincou.
As fronteiras terrestres entre Portugal e Espanha vão continuar encerradas até às 00:00 de 15 de junho devido à pandemia da doença covid-19.
O controlo das fronteiras terrestres com Espanha está a ser feito desde as 23:00 do dia 16 de março em nove pontos de passagem autorizada, sendo um deles entre Chaves e Verín, localidades que formam uma eurocidade desde 2007.
Os autarcas das sete eurocidades ibéricas apelaram na quinta-feira, através de um manifesto conjunto, para a necessidade de restaurar a liberdade de circulação nestas regiões que estão a ser afetadas pelo encerramento da fronteira terrestre devido à pandemia de covid-19.
O texto conjunto resulta da realização de fórum ‘online’ convocado e organizado pela eurocidade Chaves-Verín, que decorreu em 05 de maio.
Nuno Vaz lembra que com os países em fase de desconfinamento seria importante “ensaiar na zona de fronteira” soluções para “perceber o impacto da reabertura”.
“Isto seria possível nesta eurocidade, que já tem instituições que de alguma forma gerem um espaço territorial como se fosse uma única cidade em dois países”, lembrou, acrescentando que os poucos casos de covid-19 nas localidades são também outro fator a favor.
Para o alcaide de Verín, Gerardo Seoane, o facto do Governo espanhol não ter previsto no seu plano de desconfinamento a reabertura das fronteiras terrestres com Portugal “é um inconveniente” mas lembra que “primeiro está a saúde”.
“Confio plenamente no plano do Governo [de Espanha] e não vamos fazer nenhum tipo de pressão, embora fosse o mais lógico e adequado para a economia, mas neste momento são temas secundários”, realçou à agência Lusa.
O autarca espanhol espera que a reabertura de fronteiras seja considerada “quando se adotem os passos seguintes”.
“Quando houver a possibilidade de se poderem abrir as fronteiras isso será bem-vindo. Primeiro está o controlo da pandemia”, apontou.