A autarquia de Mesão Frio considera de “enorme importância” a unidade hoteleira projetada para aquele concelho e aprovou hoje por unanimidade em reunião de Câmara o “apoio inequívoco” à sua construção, adiantou à Lusa o presidente.
“Apresentei hoje em reunião de Câmara e foi aprovada por unanimidade uma proposta de apoio inequívoco à construção deste hotel”, realçou o autarca de Mesão Frio, no distrito de Vila Real, Alberto Pereira.
Em causa está a construção de um hotel de cinco estrelas pela Douro Marina Hotel, sociedade do empresário Mário Ferreira, cujo terceiro Estudo de Impacte Ambiental (EIA) está em consulta pública.
Segundo avançou o jornal Público no domingo, a Comissão Nacional da Unesco (CNU) considera que a unidade hoteleira vai colocar em risco a paisagem do Douro vinhateiro na lista dos bens classificados em perigo, "abrindo caminho para uma futura exclusão da lista de património mundial".
Para o autarca socialista “as pessoas do Porto e Lisboa não sabem o que é a enorme importância de um complexo destes num concelho que perdeu nos últimos dez anos mais de 10% da população”.
Alberto Pereira questionou também se os seus munícipes estão condenados à única opção de trabalhar a terra, e de nada poder ser feito no concelho por estar inserido no Douro enquanto património mundial.
“Qualquer dia temos os socalcos e ninguém para os trabalhar. Está a ficar tudo velho e os jovens não se podem cá fixar”, alertou.
Sobre o projeto para a unidade hoteleira, o autarca lembrou que o processo se arrasta há 12 anos e que o Plano de Pormenor da Rede foi aprovado por unanimidade na Câmara, na Assembleia Municipal e teve o parecer positivo de “todas as instituições que tinha de dar um parecer sobre este projeto”.
“Entretanto, o projeto mudou de mãos, deixou de ser o promotor o grupo ‘CS’ e passou para o grupo de Mário Ferreira que não só fez alterações ao projeto inicial para melhor, reduzindo o número de pisos e a volumetria do hotel, como apresentou agora o terceiro Estudo de Impacte Ambientar (EIA) com o projeto exatamente igual ao que está no plano pormenor”, salientou.
“Quero ver quem vai dizer não. Até aqui propunham alterações, quer nos acessos, quer na volumetria, mas agora o projeto apresentado é exatamente igual ao Plano de Pormenor da Rede. Vêm agora dizer que está em causa o galardão da humanidade, andamos a brincar com coisas sérias”, acrescentou.
O autarca frisou ainda a importância dos 200 postos de trabalho diretos que o projeto poderá criar, e ainda os empregos indiretos, questionando porque é que em outros concelhos do Douro é permitido “construir ‘mamarrachos’ à beira-rio sem qualquer sentido”.
Alberto Pereira referiu também haver “alguma coisa estranha” para a recente discussão em torno do hotel, lembrando que há 12 anos, quando o promotor era outro, “não havia problema nenhum”, mas "agora com Mário Ferreira o projeto já é polémico”.
No seu último ano de mandato na Câmara de Mesão Frio, que lidera desde 2009, o autarca garante que o único interesse é dar uma oportunidade aos jovens do concelho.
“Quando cheguei, éramos o concelho com pior taxa de desemprego do país. A minha primeira entrevista foi sobre como ia resolver o problema. Hoje tenho a taxa ao nível dos outros concelhos, criei 600 postos de trabalho num concelho com quatro mil habitantes, em serviços e turismo”, atirou.
A Douro Marina Hotel, sociedade do empresário Mário Ferreira, disse na quarta-feira ser “falsa e leviana” a acusação de que a unidade hoteleira que pretende construir em Mesão Frio coloque em causa o estatuto do Douro como património mundial.
“Em momento algum o parecer técnico consultivo elaborado pelo ICOMOS [Conselho Internacional de Monumentos e Sítios], a pedido da UNESCO, menciona, ameaça, ou aponta como uma consequência direta, ou indireta, da concretização do projeto Douro Marina Hotel, a perda de estatuto de Património da Humanidade à região do Alto Douro Vinhateiro”, destacou em comunicado.
DYMC // MSP Lusa