A Câmara de Bragança, eleita pelo PSD, enviou ontem ao ministro da Economia um manifesto em que acusa o Governo do seu partido de esvaziar de serviços a cidade, praticando uma política contrária às promessas feitas em campanha eleitoral. O texto foi aprovado por unanimidade em reunião da câmara, presidida pelo social-democrata Jorge Nunes, e remetido ao ministro Carlos Tavares no dia em que encerrou a delegação distrital de Bragança da Inspecção-geral das Actividades Económicas (IGAE).

"Com a medida agora tomada, Bragança ficou menos Portugal e sente a fronteira do desenvolvimento aproximar-se ainda mais do litoral", refere o documento enviado ao governante, que tutela a IGAE. A extinção do serviço é "incompreensível" para a autarquia, que acusa o Governo de estar "a acentuar o esvaziamento dos serviços, sector importante de emprego na região, verificando-se o contrário do prometido pelos responsáveis distritais do PSD e pelo líder nacional (Durão Barroso), na campanha que antecedeu as eleições legislativas".
O documento enviado a Carlos Tavares recorda também outras "medidas negativas" já tomadas por este Governo, que "esvaziaram os serviços locais da EDP, da Telecom, do Ministério da Agricultura" e "o despacho que determina de uma forma absurda a extinção do destacamento da Brigada Fiscal de Bragança, concentrando o seu comando no litoral". A autarquia refere ainda "o adiamento de decisões governamentais relacionadas com a instalação condigna do Parque Natural de Montesinho, do Centro de Formação de Bombeiros" e de obras como a remodelação da cadeia e do quartel de Bragança da GNR. A ocasião é também aproveitada para lembrar ao Governo o "incumprimento do Plano Rodoviário Nacional, no único distrito do país que não consta do mapa de auto-estradas".

Do ministro da Economia, a autarquia considera que "seria de esperar que, ao invés de encerrar mais um serviço, criasse uma delegação em Bragança e incluísse esta região no mapa das preocupações de captação e apoio ao investimento privado, ajudando a vencer a falta de oportunidade económica para que os jovens encontrem na sua terra uma oportunidade".

O encerramento desta e de mais duas delegações do IGAE na região Norte, as de Braga e Viana do Castelo, motivou a reacção do Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Norte, que, em comunicado, considerou a "situação insólita".
Segundo o sindicato, a medida apanhou de surpresa os respectivos trabalhadores, que terão tomado conhecimento "só ontem (terça-feira) de que hoje chegará um camião para carregar o mobiliário e os edifícios serão entregues aos senhorios".

"Trata-se de uma situação insólita e lamentável, semelhante às empresas que encerram e retiram as máquinas, deixando os trabalhadores na rua, atitude imprópria do Estado, presumivelmente uma pessoa de bem", refere em comunicado. O Sindicato apelou aos trabalhadores para que vão trabalhar normalmente, mesmo sem local de trabalho, até que o Ministério da Economia os informe do seu destino.



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