A Auto-Estrada Transmontana é a única das novas grandes concessões rodoviárias que dará prejuízo às Estradas de Portugal que tem, no entanto garantidos lucros para cobrir quase cinco vezes esse défice, segundo os estudos oficiais de viabilidade.

A Auto-Estrada Transmontana, que vai ligar Vila Real a Bragança, tem sido anunciada reiteradamente pelo primeiro-ministro, José Sócrates, como \"a auto-estrada da Justiça\".

Não terá custos para o utilizador (portagens), na maior parte da sua extensão, e fará com que finalmente o Distrito de Bragança deixe de ser o único do país sem um quilómetro de auto-estrada.

Esta via faz parte de um conjunto de quatro concessões adjudicadas pelo Governo às Estradas de Portugal (EP), em que se incluem o túnel do Marão, que ligará a Auto-Estrada Transmontana à A4 e ao Porto, e as concessões da Grande Lisboa e do Douro Litoral.

A Auto-Estrada Transmontana é das quatro a que apresenta nos estudos e projecções saldo negativo, com um prejuízo, nos 75 anos de concessão, superior a 1500 milhões de euros.

Divididos os prejuízos pelos 250 mil habitantes da região, o país terá de pagar, em média, por ano, a preços actuais, cerca de 80 euros para cada transmontano poder ter auto-estrada, ou pouco mais de 20 cêntimos por dia.

No entanto, além do contrato de concessão prever compensações à EP, conforme demonstram os dados oficiais, o conjunto destas quatro concessões, representa para a empresa lucros que cobrem quase cinco vezes os prejuízos da Auto-Estrada Transmontana, ou seja de cinco mil milhões de euros.

Este saldo positivo resulta, segundo contas do MOPTC, da diferença entre as receitas, nomeadamente de portagens, e os encargos com pagamentos de serviços e custos de exploração e manutenção.

Por se tratar de uma obra considerada importante para o desenvolvimento regional, a construção desta auto-estrada será também subsidiada em 180 milhões de euros pelo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).

Este financiamento assegura metade do investimento previsto para a construção, tendo em conta que a proposta vencedora do consórcio liderado pela Sociedade de Construções Soares da Costa é de 360 milhões de euros.

A este valor acrescem ainda outros custos associados ao projecto, antes, durante e depois da construção, que se traduzem num investimento global superior a 800 milhões de euros, a valores do consórcio vencedor.

Segundo o MOPTC, este valor é 25 por cento inferior ao avaliado no Estudo de Viabilidade da Concessão, que era de 1068 milhões de euros.

No momento, decorrem ainda os prazos do processo de adjudicação e a previsão do Governo é de que a Auto-Estrada Transmontana esteja concluída em 2011.



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