José Cardoso Sousa, ex- serralheiro mecânico na área da óptica, 57 anos, procura emprego quase todos os dias, já sem \"muita fé\". Solteiro e sem filhos, vale- -lhe a automotora da Linha do Corgo, que todos os dias da semana, invariavelmente, o transporta entre a pequena povoação que se chama assim mesmo, \"Povoação\", como se não existisse outra, para a cidade de Vila Real.

As ligações rodoviárias nem sequer permitem, em muitos locais, a passagem de autocarros, pelo que o comboio continua a ser a única alternativa. \"Venho todos os dias. Saber da minha vida no centro de emprego, procurar trabalho, conversar com amigos, fazer compras, passear. Compro o passe todos os meses. Custa 27 euros e é isto que me mantém vivo e mais ou menos feliz\", continua José Cardoso, sorrindo.

Se a ligação terminasse, não seria ele \"o principal prejudicado, mas sim os mais novos\", acrescenta. Refere-se aos estudantes, que \"são cerca de 20, sobretudo de Povoação, Carrazedo e Alvações. Vêm para a escola em Vila Real, da mesma forma que outros tantos vão no sentido contrário, para a Régua. A ligação Peso da Régua-Vila Real foi inaugurada em 1906. Funcionou sempre como complemento da Linha do Douro (Porto-Régua).

Chegou a ligar também a Vila Pouca de Aguiar e a Chaves. Em 1990, encerrou o troço Vila Real-Chaves. Hoje mantém-se só entre Régua e Vila Real (26 quilómetros), estando prevista para o restante traçado a construção de uma ciclovia.



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