A Câmara de Bragança está a ponderar a hipótese de interditar a entrada de automóveis na cidadela. Os automobilistas deixam os carros em qualquer lugar, em frente ao castelo, à igreja ou à Domus Municipalis.
No Verão, o trânsito na cidadela de Bragança transforma-se num autêntico caos, o estacionamento não tem qualquer organização, não há sequer placas que delimitem os locais para estacionar intramuralhas, os automobilistas deixam os carros onde encontram espaço, e não se preocupam com o facto de, muitas vezes, taparem as boas vistas do património mais rico da cidade.
O problema agrava-se no Verão dada a grande afluência de turistas, uma vez que o castelo e a cidadela são os locais mais visitados em todo o distrito.
A Câmara já está a ponderar a hipótese de interditar a entrada de veículos na zona. O presidente da Autarquia, Jorge Nunes, admite que os automóveis são \"um problema\", e apesar de ter sido criado um parque de estacionamento de superfície na mata adjacente, fora das muralhas, este não é usado. \"A prazo tem de se equacionar de forma decisiva o impedimento de acesso automóvel, excepto a residentes, de outra forma o espaço perde qualidade, dá-se uma imagem menos favorável e as pessoas são incomodadas\", afirmou.
Nos últimos anos, a Autarquia procedeu a uma recuperação do património da chamada vila, nomeadamente das fachadas de várias casas, a Domus Municipalis, um monumento único na Península Ibérica, também foi alvo de uma intervenção. A actividade económica aumentou, com novos estabelecimentos e novos licenciamentos. Tudo isto contribuiu para um aumento do fluxo de visitantes.
Os moradores concordam com a interdição de carros aos turistas, desde que a entrada dos residentes e trabalhadores seja salvaguardada. Jorge Moreira, morador, considera que é urgente \"arranjar uma alternativa boa para estacionar fora das muralhas, é preciso tomar uma medida drástica porque a calçada está do piorio por causa de tantos carros\".
Já Augusto Morais, comerciante e residente na zona, é mais ponderado, mas vê com bons olhos a proibição dos automóveis nos meses de Verão, porque a imagem do local está \"poluída\". \"Há pessoas que querem fazer fotografias aos monumentos, mas não conseguem uma única sem carros, estacionam intensivamente em frente à Domus, em cima do passeio da igreja, nas entradas das casas, em toda a parte\", lamentou o comerciante. O comerciante até admite que o comércio possa ser prejudicado com a proibição aos automóveis no Inverno, mas a confusão que se vive em Agosto \"não é desejável\".
Aida Moreira, residente na Suíça, concorda: \"Nos castelos de outras cidades, só entram os carros de moradores e descargas\".