Pelo menos cerca de oito mil pessoas de 50 localidades transmontanas estão a ser abastecidas este verão com a ajuda de autotanques devido à falta de água nos sistemas de abastecimento, foi hoje revelado.
A maior parte são aldeias que habitualmente têm falta de água nesta época, um problema que se agravou devido à seca numa das regiões de Portugal que apresenta “maior escassez hídrica”, segundo o secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas, João Paulo Catarino.
O governante presidiu hoje, em Carrazeda de Ansiães, no distrito de Bragança, à assinatura de protocolos que disponibilizam 1,3 milhões de euros a sete municípios de Trás-os-Montes para garantir que a água continua a chegar a casa das populações.
A maior parte da verba, mais de um milhão de euros, destina-se ao transporte de água em autotanques e, de acordo com o secretário de Estado, a ajuda a esta região representa cerca de um quarto dos quatro milhões de euros disponibilizado pelo Fundo Ambiental para mitigar os problemas da seca em todo o país.
Os beneficiados em Trás-os-Montes são os municípios de Carrazeda de Ansiães, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Mogadouro e Vimioso, no distrito de Bragança, e Alijó, no distrito de Vila Real.
O governante explicou que a ajuda é para reabilitar sistemas existentes, fazer novas captações, pequenos açudes, aquisição de autotanques ou prestação de serviços para fazer o transporte da água.
O município de Carrazeda de Ansiães, o anfitrião da sessão de assinatura dos protocolos, é o que apresenta maiores dificuldades no abastecimento da população e terá apoio para menos de metade dos 400 mil euros que vai pagar a prestadores de serviços para fazer o transporte da água do rio Tua para a Estação de Tratamento de Água (ETA).
O município tem a decorrer um concurso até 16 de agosto para a contratação do serviço por cerca de 90 dias (três meses) para resolver um problema que afeta praticamente todos os 5.500 habitantes do concelho.
A barragem de Fotelonga é a única reserva para abastecimento deste e de algumas aldeias do concelho vizinho de Vila Flor e encontra-se a menos de 30% da capacidade, com água que daria apenas até outubro, pelo que a solução de emergência é fazer o transporte do rio Tua.
Alijó, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros têm ajuda para a aquisição de autotanques para garantir o abastecimento a cerca de oito aldeias, no caso de Macedo de Cavaleiros, a “uma dúzia de aldeias”, em Mogadouro, e a cinco em Alijó, que recebe apoio também para fazer a limpeza da barragem de Vila Chã, que tem água até setembro e dá de beber também ao concelho de Sabrosa.
Alfândega da Fé está a ter um ano com problemas “na fonte do concelho”, que é a Serra de Bornes, e recebeu apoio para reforçar o abastecimento a três aldeias, enquanto Vimioso tem ajuda para reconstruir e fazer o alteamento de um açude no Rio Angueira.
Bragança vai também reforçar o transporte em autotanques a 25 das 114 aldeias do concelho, onde a maior parte da população está concentrada na cidade abastecida por duas barragens sem sinais de seca.
De acordo com os autarcas, a seca veio agravar um problema estrutural nestas localidades com sistemas deficitários e onde nos meses de verão os consumos duplicam com a chegada dos emigrantes.