As praias fluviais do Azibo, em Macedo de Cavaleiros, ganharam novos veraneantes e continuam a encorajar investimento turístico em tempos de pandemia.
As entradas nas praias têm agora controlo e um limite de 3.300 pessoas, mas os areais continuam a encher, nomeadamente com estreantes que trocam férias no estrangeiro pelo interior mais interior de Portugal e a procura turística impulsiona novas apostas empresariais no local de veraneio que continua a ser o mais procurado do Nordeste Transmontano.
Às várias atrações disponíveis para desfrutar da água e da envolvente da Paisagem Protegida do Azibo, junta-se este ano a oferta de trotinetas elétricas, uma aposta de jovens irmãos do concelho de Macedo de Cavaleiros que acreditam que agora mais do que nunca as pessoas vão refugiar-se no interior.
César Vila Franca tem 35 anos, é o promotor do projeto que alia alojamento local e turismo de natureza, uma ideia que começou a ganhar forma antes da pandemia com o início do restauro de uma das quatro casas antigas da família na aldeia de Lamas.
A localidade fica no epicentro da cidade de Macedo de Cavaleiros, dos Caretos de Podence Património da Humanidade, do Azibo e do Geopark Terras de Cavaleiros, mais um selo da UNESCO que o concelho ostenta.
César é solicitador em Macedo de Cavaleiros e o irmão arquiteto vai mudar-se do Porto para Trás-os-Montes para se dedicarem inteiramente ao turismo.
Já está pronta e com reservas para o mês de agosto a primeira casa que restauraram na aldeia com 60 mil euros sem recurso a financiamento que incluem também o custo das nove trotinetas com autonomia para dar mais de três voltas ao Azibo.
“Neste cenário de pandemia, é normal que fiquemos um pouco assustados, mas eu acho que o interior vai ter uma procura grande”, acredita César.
A família Vieira, um casal e duas filhas de Matosinhos, trocou as férias que fazia há 20 anos em Baiona, no norte de Espanha, pelo interior, e instalou-se duas semanas no Azibo, com alojamento nas casas de madeira próximo das praias.
Foi a filha Joana que tratou do programa pela Internet e escolheu o Azibo porque, como contou à Lusa, estavam “à procura de um local assim, longe da confusão devido à pandemia e uma zona mais recatada”.
O calor próximo dos 40 graus por estes dias “é um bocadinho abafado”, confessou o pai Joaquim, mas ainda assim, “comparado com o Porto”, este lugar “é bastante mais calmo”.
A família espera que a temperatura baixe um pouco para sair debaixo do guarda-sol e “dar uma volta” pela região.
Da zona de Lamego chegaram cinco da família Cardoso, que a Lusa encontrou no cais à espera de um dos dois barcos que desde o verão passado faz passeios na albufeira. O dia é de festa e é a navegar que comemoram os 10.º aniversário da pequena Margarida.
A mãe, Ana, conta que se instalaram num alojamento rural e decidiram aventurar-se nesta experiência do barco, que chega da primeira viagem da tarde com outro grupo de jovens emigrantes encantados com a viagem, em que “há tempo para tudo” até para dar um mergulho.
Alberto Teixeira é “o capitão”, proprietário, desde barco movido a energia solar que se queixa deste verão “inconstante” porque há procura, mas não é regular.
“Os dias da semana, às vezes, são melhores que os fins de semana”, observou.
O empresário, que abriu também um alojamento rural, nota que há menos gente, no entanto “há gente de outros sítios de Portugal, a clientela é toda nacional”.
“O público este ano é ligeiramente diferente”, corroborou à Lusa o presidente da câmara, Benjamim Rodrigues, especificando que há menos emigrantes, mas “uma procura acrescida por parte dos veraneantes nacionais e um acréscimo dos autocaravanistas”.
A oferta do concelho não chega às mil camas e o alojamento local “está preenchidíssimo”, segundo o autarca que garante que “tem havido também alguma repercussão” nos concelhos vizinhos dos cerca de 300 mil veraneantes que anualmente passam pelo Azibo.
O autarca quer criar num edifício antigo que existe na zona um “WelcomeCenter”, um centro de receção para turistas para melhorar o acolhimento e divulgar a oferta turística que existe em toda a região, não só no concelho.
“Permitir que se tenha aqui uma noção de tudo quanto a região pode oferecer, seja em termos culturais, gastronómicos, religiosos, todo o tipo de turismo que a região tiver de excelência”, concretizou.
A candidatura foi entregue em mão à secretária de Estado do Turismo, mas mesmo que não consiga financiamento, o presidente promete avançar com este equipamento.
Foto: Antonio Pereira