A falta de água nas casas traz os moradores do bairro da Lamela em polvorosa. Há uma semana, oito mulheres foram ao gabinete do presidente da Câmara \"para o convidar a visitar o bairro e ver com os próprios olhos a miséria que é a água não chegar às torneiras\". O presidente foi, viu, e, segundo as moradoras, terá \"sentenciado\" que, não podendo resolver \"de imediato\" a situação, lhe restava a \"alternativa\" de lhes \"colocar um autocarro à disposição para irem tomar banho à barragem do Azibo\".
Durante a Feira de S. Pedro, houve períodos em que a água faltou nas torneiras das casas situadas nos sítios mais altos de Macedo de Cavaleiros. Depois de ter voltado a repetir-se no fim-de-semana seguinte, a situação parece ter normalizado a partir de segunda-feira da semana passada em quase toda a cidade. Porém, o mesmo não sucedeu no Bairro da Lamela, onde \"a água já começou a faltar há dois meses\".
\"Inconformados\" com esta situação, os moradores já fizeram vários protestos junto do presidente da Câmara de Macedo de Cavaleiros, Beraldino Pinto, queixando-se da \"forma como estão a ser tratados\". E dizem mesmo que \"embora pertencendo à cidade\", a autarquia dá-lhes \"mais desprezo que às aldeias\". Por isso, afirmam que queriam \"ao menos ser tratados com a mesma dignidade com que são tratados os moradores de algumas delas\".
Na semana passada, oito moradoras do Bairro da Lamela levaram estes apelos ao presidente da Câmara, que, após a audiência, se prontificou a visitar o bairro. Só que ali ninguém gostou do que ouviu da boca do autarca: os moradores dizem que, não podendo resolver a situação \"tão rapidamente como a população desejaria\", Beraldino Pinto se ofereceu para \"disponibilizar um autocarro a quem quisesse ir tomar banho ao Azibo\".
Estando o presidente da Câmara de férias, foi o vereador Carlos Barroso quem respondeu ao Semanário TRANSMONTANO sobre a questão da falta de água no Bairro da Lamela. Carlos Barroso afirma que \"a solução para este problema passa pelo abastecimento a partir do depósito da zona alta\". Justificando que \"o consumo de água disparou durante a Feira de S. Pedro, daí a falta de água que se sentiu nas partes mais altas da cidade\", o vereador explicou que, para estas, \"há um depósito de sete metros cúbicos\", mas que \"há seis anos também começou a abastecer as aldeias de Carrapatas e Cortiços\". Por isso, Carlos Barroso é da opinião que, na altura, \"o município devia ter construído um novo depósito, pois só assim é que poderia continuar a garantir o pleno abastecimento de água à cidade\". \"O problema é que os bairros periféricos estão a ser abastecidos daquele depósito, daí este funcionar praticamente como depósito de passagem, com as bombas a trabalhar constantemente\", diz o vereador. Que garante que, devido ao \"desgaste\" que isto provoca, \"já está a ser instalada uma nova bomba\". Mas, isto, tal como a construção de um novo depósito de 200 metros cúbicos, que já em curso, só vem \"remediar a situação\". Para a resolver completamente, \"a Câmara está à espera do investimento que compete às Águas de Trás-os-Montes e Alto Douro\", entidade com quem a autarquia já assinou contrato para o abastecimento de água ao concelho.
\"Muro da vergonha\"
Os moradores da Lamela queixam-se também que, após a pavimentação da rua que liga o bairro à rua do Padrão Norte e às zonas das piscinas municipais, a Câmara Municipal deixou as terras provenientes dos desaterros \"amontoadas\" entre aquelas duas áreas residenciais. Devido ao \"indício de perpetuidade\", como consideram que o caso está a ser tratado pela autarquia, os moradores da Lamela já chamam àquele monte de terra \"o muro da vergonha\". \"Até parece que a Câmara não quer que a gente do Bairro veja a gente do Padrão Norte\", acrescentam.
O vice-presidente da autarquia, Duarte Moreno, garante que \"o serviço é para fazer com pessoal da Câmara\", mas \"só lá para o Outono\". Isto porque, \"esse pessoal está muito ocupado, não podendo ser retirado dos trabalhos em que está envolvido, nomeadamente a abertura de caminhos nas aldeias\".