O bairro social das Alagoas, Régua, vai ficar de cara lavada após obras de reabilitação dos espaços públicos e do edificado, anunciou hoje a Câmara, adiantando que a intervenção vai custar cerca de 1.8 milhões de euros.

O vereador da Câmara da Régua Mário Montes disse hoje à agência Lusa que a intervenção física nas Alagoas, bairro com um aspecto físico muito degradado e onde se registam vários problemas de integração social, vai ter início dentro de um mês. O bairro, construído no final da década de 1970 para alojar as vítimas das cheias da Régua, foi sempre visto com uma atenção especial por parte da autarquia.

As intervenções realizam-se no âmbito do projecto \"Velhos Guetos, Novas Centralidades\", aprovado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), e que incide na integração social das famílias, algumas de etnia cigana, e tentativa de resolução dos problemas mais proeminentes, como seja o consumo de álcool e de droga.

Segundo o vereador, numa primeira fase vai ser renovado o sistema de esgotos domésticos e o de drenagem pluvial, a iluminação pública, as áreas de estacionamento, os percursos pedonais e pavimentação, as zonas de recreio, o campo de jogos, enquanto as zonas verdes são ser alvo de uma requalificação. Vai ainda ser renovado o mobiliário urbano e construídos estendais.

Esta intervenção é financiada pelo projecto e está orçada em 420 mil euros. Numa segunda fase, que será financiada pelo Instituto Nacional de Habitação (INH) em 1.375 milhões de euros, será feita uma intervenção a nível das zonas comuns do edificado, designadamente escadarias, telhado, janelas e caixilharias ou campainhas.

O bairro das Alagoas é constituído por oito blocos e 22 entradas, onde habitam cerca de 700 pessoas. Algumas famílias ocuparam de forma ilegal cinco fundos vazados a nível dos pisos térreos do bairro, uma situação que, segundo o autarca, \"está a ser regularizada\". A intervenção no espaço físico no bairro das Alagoas representa uma segunda fase do projecto \"Velhos Guetos, Novas Centralidades\", que está a ser desenvolvido naquele espaço desde Janeiro de 2005.

Uma equipa de seis elementos está no bairro desde o início do ano passado a promover a sua recuperação social. A assistente social, Ana Mendes, contou à Lusa ter encontrado no bairro um cenário com famílias em acentuado processo de desestruturação, com consumos de álcool e drogas, tráfico de armas e de substâncias ilícitas que impossibilitam a construção de um projecto de vida saudável.

Para o desenvolvimento comunitário de Alagoas, onde se verificam laços precários com o mercado de trabalho, associados a um abandono escolar precoce e a um reduzido nível de escolaridade, está a ser promovida a qualificação profissional dos moradores. \"Apresentamos candidaturas para a realização de cursos profissionais nas áreas da jardinagem, cabeleireiro e calcetagem\", salientou.

Para combater o abandono escolar foi constituída uma turma, com oito jovens de etnia cigana de mais de 15 anos, que terá equivalência ao 5º e 6º ano de escolaridade. E de forma a aproximar as duas comunidades, a minoria cigana e a maioria não cigana, foram constituídos grupos de futebol, de teatro e de danças latinas, hip-hop, africanas e dança \"gipsy\" para crianças e adultos. Segundo Ana Mendes, estão a ser criadas empresas locais de inserção profissional, realizados seminários escolares para adultos, e promovidas acções de prevenção primária contra o abuso de drogas e de álcool.

Foi ainda criada uma Associação de Moradores, à qual competirá assegurar a continuidade do trabalho após o fim do projecto em Março de 2008. O tenente Eduardo Lima, da GNR do Peso da Régua, disse à Lusa que, devido à dimensão do bairro, este merece uma atenção especial por parte desta força de segurança.

No entanto, segundo o responsável, nos últimos anos verificou- se uma diminuição da criminalidade registada nas Alagoas, sendo que as intervenções que ainda são efectuadas neste bairro estão associadas ao tráfico, consumo de estupefacientes e casos de agressões verbais e físicas. Os problemas das Alagoas não estão apenas relacionados com a droga, mas também com a violência. No dia 15 de Maio de 2001 um tiroteio entre duas famílias provocou mesmo a morte a duas mulheres. PLI.



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